segunda-feira, 1 de março de 2010

CONJUNÇÕES

ELEMENTOS DE COESÃO (PARTE I)
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1. Examinemos os seguintes provérbios:
O mal e o bem à face vêm.
Deseja o melhor e espera o pior.
Só dura a mentira enquanto a verdade não chega.

No primeiro, encontramos a palavra e, que está ligando dois termos de uma oração: o mal e o bem.
No segundo, vemos a mesma palavra e, que está ligando duas orações de sentido completo e independente: Deseja o melhor. Espera o pior.
No terceiro, aparece a palavra enquanto unindo duas orações que não podem ser separadas sem que fique alterado o sentido que expressam, pois a segunda depende da afirmação contida da primeira.
Os vocábulos invariáveis que servem para relacionar duas orações ou dois termos semelhantes da mesma oração chamam-se CONJUNÇÕES.
As conjunções que relacionam termos ou orações de idêntica função gramatical têm o nome de COORDENATIVAS.
Denominam-se SUBORDINATIVAS as que ligam duas orações, uma das quais determina ou completa o sentido da outra.

2. Percebe-se facilmente a diferença entre as conjunções coordenativas e as subordinativas quando comparamos construções de orações a construções de nomes.
Assim, nestes enunciados:

Ler e escrever. A leitura e a escrita.
Ler ou escrever. A leitura ou a escrita.

Vemos que a conjunção coordenativa não se altera com a mudança de construção, pois liga elementos independentes, estabelecendo entre eles relações de adição, no primeiro caso, e de igualdade ou de alternância, no segundo.
Já nos enunciados seguintes:

Quando tiver lido o livro, escreva a carta.
Após a leitura, a escrita.

Observamos a dependência do primeiro termo ao segundo.
No último exemplo, em lugar da conjunção subordinativa (quando), temos uma preposição (após), que está indicando a dependência de um elemento a outro.

CONJUNÇÕES COORDENATIVAS

1. Classificação

Classificam-se as conjunções coordenativas em ADITIVAS, ADVERSATIVAS, ALTERNATIVAS, CONCLUSIVAS e EXPLICATIVAS.

a) ADITIVAS, que servem para ligar simplesmente dois termos ou duas orações de idêntica função: e, nem [= e não]

Tinha saúde e robustez.
Pulei do banco e gritei de alegria.
Não é gulodice nem interesse mesquinho.

b) ADVERSATIVAS, que ligam dois termos ou duas orações de igual função, acrescentando-lhes, porém, uma idéia de contraste:mas, porém, todavia, contudo, no entanto, entretanto.

Seu quarto é pobre, mas nada lhe falta.
Cada uma delas doía-me intensamente; contudo não me indignavam.

c) ALTERNATIVAS, que ligam dois termos ou orações de sentido distinto, indicando que, ao cumprir-se um fato, o outro não se cumpre: ou...ou, ora...ora, quer...quer, seja...seja, nem...nem, já...já, etc.

Para arremedar gente ou bicho, era um gênio.
Ou eu me retiro ou tu te afastas.

d) CONCLUSIVAS, que servem para ligar à anterior uma oração que exprime conclusão, conseqüência: logo, pois, portanto, por conseguinte, por isso, assim, então.

Não pacteia com a ordem; é, pois, um rebelde.
Ouço música, logo ainda não me enterraram.

e) EXPLICATIVAS, que ligam duas orações, a segunda das quais justifica a idéia contida na primeira: que, porque, pois, porquanto.

Dorme, que eu penso.
2. Posição das conjunções coordenativas
Nem todas as CONJUNÇÕES COORDENATIVAS encabeçam a oração que delas recebe o nome. Assim:

1. Das CONJUNÇÕES COORDENATIVAS apenas mas aparece obrigatoriamente no começo da oração; contudo, entretanto, no entanto, porém e todavia podem vir no início da oração, ou após um de seus termos. Sirvam de exemplo estes períodos:

Tentou subir, mas não conseguiu.
Tentou subir, porém não conseguiu.
Tentou subir; não conseguiu, porém.

2. Pois, quando CONJUNÇÕES CONCLUSIVA, vem sempre posposta a um termo da oração a que pertence:

Era, pois, um homem de grande caráter e foi, pois, também um grande estilista. (J. RIBEIRO)
3. As conclusivas logo, portanto e por conseguinte podem variar de posição, conforme o ritmo, a entoação, a harmonia da frase.

CONJUNÇÕES SUBORDINATIVAS

1. Classificação

As conjunções subordinativas classificam-se em CAUSAIS, CONCESSIVAS, CONDICIONAIS, CONFORMATIVAS, COMPARATIVAS, CONSECUTIVAS, FINAIS, PROPORCIONAIS, TEMPORAIS, e INTEGRANTES.
As causais, concessivas, condicionais, conformativas, finais, proporcionais, temporais, comparativas e consecutivas iniciam ORAÇÕES ADVERBIAIS. As integrantes introduzem ORAÇÕES SUBSTANTIVAS.

Exemplifiquemos:

a) CAUSAIS (iniciam uma oração subordinada denotadora de causa): porque, pois, porquanto, como [= porque], pois que, por isso que, já que, uma vez que, visto que, visto como, que, etc.

Dona Luísa fora para lá porque estava só.
Como o calor estivesse forte, pusemo-nos a andar pelo Passeio Público.

b) COMPARATIVAS (iniciam uma oração que encerra o segundo membro de uma comparação, de um confronto): que, do que (depois de mais, menos, maior, menor, melhor, pior) qual (depois de tal), quanto (depois de tanto), como, assim como, bem como, como se, que nem.

Era mais alta que baixa.
Nesse instante, Pedro se levantou como se tivesse levado uma chicotada.

c) CONCESSIVAS (iniciam uma oração subordinada em que se admite um fato contrário à ação principal, mas incapaz de impedi-la): embora, conquanto, ainda que, mesmo que, posto que, bem que, se bem que, apesar de que, nem que, que, etc.

Pouco demorei, conquanto muitos fossem os agrados.
É todo graça, embora as pernas não ajudem...

d) CONDICIONAIS (iniciam uma oração subordinada em que se indica uma hipótese ou uma condição necessária para que seja realizado ou não o fato principal): se, caso, quando, contanto que, salvo se, sem que, dado que, desde que, a menos que, a não ser que, etc.

Seria mais poeta, se fosse menos político.
Consultava-se, receosa de revelar sua comoção, caso se levantasse.
e) CONFORMATIVAS (iniciam uma oração subordinada em que se exprime a conformidade de um pensamento com o da oração principal): conforme, como [= conforme], segundo, consoante, etc.:

Cristo nasceu para todos, cada qual como o merece...
Tal foi a conclusão de Aires, segundo se lê no Memorial.

f) CONSECUTIVAS (iniciam uma oração na qual se indica a consequência do que foi declarado na anterior): que (combinada com uma das palavras tal, tanto, tão ou tamanho, presentes ou latentes na oração anterior), de forma que, de maneira que, de modo que, de sorte que.

Soube que tivera uma emoção tão grande que Deus quase a levou.
g) FINAIS (iniciam uma oração subordinada que indica a finalidade da oração principal): para que, a fim de que, porque [= para que], que

Aqui vai o livro para que o leias.
Fiz-lhe sinal que se calasse...

h) PROPORCIONAIS (iniciam uma oração subordinada em que se menciona um fato realizado ou para realizar-se simultaneamente com o da oração principal): à medida que, ao passo que, à proporção que, enquanto, quanto mais... (mais), quanto mais... (tanto mais), quanto mais... (menos), quanto mais... (tanto menos), quanto menos... (menos), quanto menos... (tanto menos), quanto menos... (mais), quanto menos... (tanto mais)

Ao passo que nos elevávamos, elevava-se igualmente o dia nos ares.
Tudo isso vou escrevendo enquanto entramos no Ano Novo.

i) TEMPORAIS (iniciam uma oração subordinada indicadora de circunstância de tempo): quando, antes que, depois que, até que, logo que, sempre que, assim que, desde que, todas as vezes que, cada vez que, apenas, mal, que [= desde que], etc.:

Custas a vir e, quando vens, não te demoras.
Implicou comigo assim que me viu.

j) INTEGRANTES (servem para introduzir uma oração que funciona como sujeito, objeto direto, objeto indireto, predicativo, complemento nominal ou aposto de outra oração): que e se
Quando o verbo exprime uma certeza, usa-se que; quando incerteza, se:

Afirmo que sou estudante.
Não sei se existe ou se dói.

2. Polissemia conjuncional
Como vimos, algumas conjunções subordinativas (que, se, como, porque, etc) podem pertencer a mais de uma classe. Em verdade, o valor desses vocábulos gramaticais está condicionado ao contexto em que se inserem, nem sempre isento de ambigüidade, pois que há circunstâncias fronteiriças: a condição da concessão, o fim da consequência, etc.

Locução conjuntiva
A par das conjunções simples, há numerosas outras formadas da partícula que antecedida de advérbios, de preposições e de particípios. São chamadas LOCUÇÕES CONJUNTIVAS: antes que, desde que, já que, até que, para que, sem que, dado que, posto que, visto que, uma vez que, à medida que.

UM PROJETO DE INTELECTUALIDADE

Muita gente reclama que não tem tempo para nada que esteja fora de sua rotina de trabalho ou de estudo, principalmente o concurseiro. São muitas matérias que tem para estudar, cada uma delas com suas particularidades e volumes de conteúdo. No entanto, tenho observado que cada vez mais esse mesmo concurseiro tem se afunilado em um repertório informativo muito pontual, reduzindo-o a uma esfera técnica, usando-o apenas em situações de prova, muito específicas. O resultado disso é a geração de uma pessoa aparentemente informada, pois seu conhecimento de mundo se resume ao conhecimento das disciplinas específicas de determinado concurso, como direito constitucional, direito eleitoral, direito trabalhista, direito previdenciário, direito penal e processual penal, informática, administração, arquivologia, etc.
O que na realidade falta a estes concurseiros (e às pessoas de modo geral) é uma melhor administração do seu tempo, para inserir em seu dia-a-dia um verdadeiro projeto de leitura cuja finalidade maior é dar ao estudande uma visão de mundo mais apurada, holística e capaz de permitir uma análise mais significativa de sua realidade.
É nesse contexto que se agiganta o procedimento da leitura. É óbvio que ler não é (e nem pode ser) uma tarefa martirizante, é preciso antes de qualquer coisa encontrar o prazer pela leitura, nem que, para isso, a busca ocorra durante uma vida.
Paulo Freire, grande pedagogo brasileiro, deixou uma vasta obra sobre os caminhos da pedagogia da libertação. Moacir Gadoti, outro grande brasileiro das Letras, diz que "ler liberta". Paulo Freire emenda: "A leitura do mundo precede a leitura da palavra". Arthur Schopenhauer contribui dizendo que "os eruditos são aqueles que leram coisas nos livros, mas os pensadores, os gênios, os fachos de luz e os promotores da espécie humana são aqueles que leram diretamente no livro do mundo". Todos esses pensadores são unânimes em um ponto: a leitura é o processo pelo qual o ser humano mais se reconhece como um ser do mundo, por estar no mundo, por se permitir se ver como parte desse mundo. É, portanto, a prioridade imediata começar a se ver como um ser do mundo para melhor enxergar o mundo e as palavras que o traduzem.
O mundo de hoje tem características peculiares, é bem verdade. Mas há um grupo de informações que premeia toda a história da civilização e que se caracterizam como universais: as informações que orbitam em torno de o homem versus o homem, o homem versus o meio e o homem versus si mesmo. Criar um projeto de leitura capaz de iniciar uma busca pelo conhecimento, capaz de introduzir o leitor na demanda pelo reconhecimento de tais relações, é fundamental.
Comece questionando-se: o que eu sei sobre o mundo? o que eu sei sobre o homem? o que eu sei sobre mim mesmo? Defina que áreas do conhecimento mais chamam a sua atenção. Comece com leituras introdutórias e autoexplicativas. Busque livros de abordagem mais panorâmica. Mais tarde aprofunde-se. Talvez assim você se liberte daquilo que prende a você àquilo que tem impedido as suas vitórias de acontecerem.