sexta-feira, 7 de novembro de 2008

CITAÇÃO, O COLABORADOR TEXTUAL
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Suponha que você esteja fazendo um trabalho literário, e necessite do trecho duma obra pesquisada para comprovar sua afirmação. Neste caso você teria de recorrer a citação. Portanto, a citação seria: trechos de textos consultados, considerados relevantes, para a elaboração de um trabalho textual, e que colaboram com as idéias do pesquisador.
Segundo a ABNT (2002), as citações são classificadas em três tipos: Citação Direta; Citação Indireta e Citação de Citação.


------ CITAÇÃO DIRETA NO TEXTO ------


É a transcrição, no corpo do trabalho, de um texto ou palavras, tal qual, consta na obra pesquisada, isto é, litertalmente. Neste caso, devemos colocar o sobrenome do autor, o ano da obra consultada e o número da página consultada.


Citação até Três Linhas – deve ser inserida no parágrafo, entre aspas duplas. Há duas maneiras possíveis: na primeira trazemos o autor para o contexto da redação, empregando termos, como: segundo, de acordo com, afirma, relata, conceitua, descreve, etc. Na segunda, informamos, entre parênteses, o autor, a obra, a data e a página, ao final da citação. Veja os exemplos:


Com a difusão da máquina de escrever, segundo Houaiss, Elementos de Bibliografia (1967, Vol.I, p.65), “há uma tendência progressiva para fazer base do autógrafo um texto datilográfico, sobretudo daqueles autores que são datilógrafos de si mesmos”.

Com a difusão da máquina de escrever, “há uma tendência progressiva para fazer base do autógrafo um texto datilográfico, sobretudo daqueles autores que são datilógrafos de si mesmos”. ( Houaiss, Elementos de Bibliografia, 1967, Vol.I, p.65)


Citação até Três Linhas pelo Sitema Numérico - nesse sistema, a fonte da qual foi extraída a citação é indicada em nota de rodapé, no final da página, do capítulo ou do artigo. A numeração no texto da citação deve ser feita de maneira única e consecutiva para todo o trabalho ou para cada capítulo. Deve ser feita, de preferência, com os números situados um pouco acima da linha de texto (sobrescrito), e, ao final da citação. As outras opções são: colocar o número entre parênteses (1) ou entre colchetes [1]:

Com a difusão da máquina de escrever, “há uma tendência progressiva para fazer base do autógrafo um texto datilográfico, sobretudo daqueles autores que são datilógrafos de si mesmos¹” .

A indicação dos dados da fonte deverá estar situada na mesma página, em forma de notas de rodapé ou ao final de cada capítulo, ou ainda, no final do texto:
_________________
1. Houaiss, Elementos de Bibliografia, 1967, Vol.I, p.65
Quando várias notas de rodapé se referem a uma mesma obra e mesmo autor, deve ser usada a expressão [idem] ou sua abreviação, [id.] (= mesmo autor, ou igual à anterior) e [ibidem] ou a sua abreviação, [ibid.] (= mesma obra). A expressão [Idem] substitui só o autor e não as diferentes obras. Ex.:

2. Idem, Ibidem., p. 190.
Quando for citar novamente um autor, e não quiser dar toda a referência, use [op.cit.], que é abreviação de opus citatun, (obra citada). Cuidado com [Op. cit.] Se esta referência ficar muito distante da primeira referência que fez, por exemplo, em outro capítulo, faça-a de modo completo.

2. Houaiss ,op. cit , p. 194.

A utilização desse sistema não dispensa a apresentação da lista de referências bibliográficas ao final do trabalho.


Citação com mais de Três Linhas – deve ser destacada, pulando-se uma linha para iniciar a transcrição da citação, com recuo maior da margem esquerda, sem aspas e crédito(s) do(s) autor(res) ao final da citação:

É assim que podemos acompanhar Henry Esmond ao longo de toda a sua vida e que Hamlet poucas horas passará conosco. Em um dia de leitura podemos viver anos e anos da existência das personagens de uma ficção. Nas poucas horas que dura uma tragédia, pouco mais viveremos que os derradeiros momentos do herói. (SIMÕES, JOÃO GASPAR. Ensaio sobre a Criação no Romance, 1944, p.14)

Quando o crédito do autor não estiver entre parênteses devem ser redigido em letras maiúsculas e minúsculas.

[...] A ficção não pretende fornecer um simples retrato da realidade, mas antes criar uma imagem da realidade, uma reinterpretação, uma revisão. É o espetáculo da vida através do olhar interpretativo do artista, a interpretação artística da realidade.
COUTINHO, Afrânio. Notas de Teoria Literária, 1978, p.18.


Citação com Trechos Omitidos - trechos dispensáveis ao entendimento da citação podem ser omitidos, desde que não alterem o argumento do autor; para isso utilizamos colchetes e reticências [...] a fim de indicar a omissão. Do mesmo modo, se a supressão ocorrer no início ou no final da citação:


Em suma, constituem “diversos momentos do movimento dramático [...] fases de ação, são eles mesmos ações”. (HEGEL, Estética. TR. Port., 1964, p. 393)



---- CITAÇÃO INDIRETA ----


É a trancrição livre do texto, isto é, usamos nossas próprias palavras para expor a idéia do autor. Podemos, ainda, se o trecho for muito longo, intrepretar a idéia do autor e fazermos uma síntese.
Nesse tipo de citação, não se utiliza as aspas; mas o autor, a fonte e a data de publicação devem ser citados. Não é obrigatório colocar o número de páginas, mas se o fizer deve repitir erm todas as outras citações.

Como lembra Martins (1984), o futuro desenvolvimento da informação está cada dia mais dependente de um plano unificado de normalização.

INFORMAÇÕES ADICIONAIS

No caso de citações de periódicos informamos: o sobrenome do autor, o título do artigo, o nome da revista ou jornal, o ano, número e páginas que encerram a matéria.
Acréscimos e/ou comentários, quando necessários à compreensão de algo dentro da citação, aparecem entre colchetes [].
Para se destacar palavra, frases, em uma citação, usa-se o grifo, o negrito ou o itálico, seguido da expressão grifo meu ou destaques meus, ou ainda, grifo do autor, entre parênteses e após a citação:

[...]; ela diz (sic) que contraiu o vírus através de uma transfusão, “em uma entrevista coletiva” [destaque meu]. (Sic = assim)

Quando se tratar de dados obtidos através de informação verbal (palestras, debates, comunicações, etc.), indicar entre parênteses a expressão "informação verbal", mencionando-se os dados disponíveis somente em nota de rodapé.

Algumas expressões latinas usadas somente em notas de rodapé:
Cf. = confira; confronte. Ex.: Cf. João Gaspar, 1998.
Loc. cit. ou loco citato = no lugar citado.
Passim = aqui e ali; em diversas passagens (do texto referido).
Et seq. ou sequentia =seguinte ou que se segue
E.g. ou exempli gratia = por exemplo.


_____________________________
Fontes: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS; ABNT 2002. p1.
www.ufrgs.br/faced/setores/biblioteca/citacoes.html
Agradeço a leitura e, antecipadamente, qualquer comentário.
Se você encontrar erros (inclusive de português), por favor, me informe.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Como sublinhar e esquematizar um texto

1 SUBLINHAR
Costuma-se sublinhar uma palavra ou expressão quando se quer chamar a atenção do leitor para aquele trecho ou para enfatizar um termo ou frase. Usa-se, também, para se referir a algum termo que está sendo usado de maneira inadequada ou pouco adequada etc. Portanto use o sublinhamento com moderação, uma vez que, se esse meio de marcar o texto for muito utilizado, acaba esgotando sua função.

1.1 Noções gerais
A leitura informativa ou leitura de estudo, através da técnica de sublinhar, auxilia a aprender os conteúdos e significados do texto.
O alicerce de toda aprendizagem é a idéia fundamental contida em cada texto, capítulo, subdivisão ou parágrafo. É necessário separar os fatores textuais menos essenciais, para não perder a unidade de pensamento. Por isso, sublinhar com traços verticais às margens, usar cores e marcas diversas para cada parte importante analisada contribui para uma boa leitura.
O desenvolvimento da técnica de sublinhar passa por algumas etapas, então algumas noções básicas de sublinhar são essenciais, conforme segue abaixo:
a) a primeira leitura serve para a compreensão do assunto e como forma de esclarecimento das dúvidas que surgiram na leitura, nesta fase é preferível não sublinhar, no entanto se idéias importantes foram encontradas, coloque à margem um sinal convencional: “x”, “*”, “(.)”, “I” etc.
b) reler o texto e identificar a idéia principal, os detalhes importantes, os termos técnicos, as definições, as classificações, as provas;
c) o leitor deve habituar-se a sublinhar depois que releu um ou dois parágrafos, para saber exatamente o que irá sublinhar. Usar como ajuda, os sinais colocados à margem, para escolher o que sublinhar com mais segurança;
d) sublinhar as idéias centrais, utilizando dois traços para as palavras-chaves e um para os detalhes mais importantes;
e) nos tópicos mais importantes deve-se assinalar, à margem do texto, com uma linha vertical. E nos argumentos discutíveis deve-se assinalar um ponto de interrogação, também a beira do texto;
f) cada palavra não compreendida deve-se consultar o dicionário e, se necessário anotar o significado para melhor entendimento do texto.
g) ler o que foi sublinhado, para verificar se há sentido assim cada parágrafo deve ser reescrito a partir das palavras destacadas;
h) E por fim, deve-se reconstruir o texto, em forma de esquema ou resumo, baseando-se nas palavras sublinhadas.

1.2 Necessidade de sublinhar
Esta necessidade consiste em conseguir compreender, ao reler o que foi sublinhado, a estrutura sintética e entender o significado do que se leu.
Para isto, deve-se ler o texto, fazer uma releitura e procurar as principais idéias, assim mostrando os detalhes importantes, termos técnicos e definições. E sublinhar apenas algumas palavras e frases que considerem essenciais e nunca a oração toda, por isso não é aconselhável sublinhar muitas palavras por parágrafo.

1.3 Técnicas para sublinhar
Sublinhar é uma técnica indispensável tanto para elaboração de esquemas e resumos quanto para destacar as idéias importantes de um texto.
Para que se possam identificar estas idéias importantes deve-se ter como requisito fundamental a compreensão do assunto, mas para que a técnica de sublinhar seja realmente eficiente algumas normas devem ser respeitadas, como nunca sublinhar parágrafos ou frases inteiras.
Para que a técnica tenha maior utilidade e praticidade, há sugestões que podem ser seguidas:
  • sublinhar com lápis preto macio, para não danificar o texto;
  • sublinhar com dois traços as idéias principais e com um traço as secundárias;
  • dependendo do gosto pessoal, usa-se caneta hidrocor, em carias cores, podendo-se estabelecer um código particular:
    vermelho (ou verde) = idéias principais;
    azul (ou amarelo) = detalhes mais importantes;
  • as anotações à margem do texto podem ser feitas com um traço vertical para trechos importantes e dois traços verticais para os importantíssimos.

    E para analisar se a técnica teve eficiência desejada, é recomendado “no final do trabalho, fazer uma leitura comparando-se o texto original com o que foi sublinhado” .

2 ESQUEMATIZAR

Para Rauen “esquema é um tipo de produção textual que explicita a linha diretriz do autor de um documento de base” .

Assim esquema é a apresentação do texto, colocando em destaque os elementos de maior importância. Sua finalidade é difundir mais amplamente as informações facilitando para o leitor sua compreensão. Utiliza-se o esquema como meio facilitador para a memorização e a explicação do texto, usam-se muito pra tal feito linhas, setas, círculos colchetes, entre símbolos diversos.

2.1 Características do esquema

Na elaboração de esquemas, para que não fujam de seu projeto principal que é simplificar ao leitor a compreensão do texto, algumas características devem ser ressaltadas e observadas. Segundo Salomon:

Fidelidade ao texto original: deve conter as idéias do autor, sem modificação ou
pontos de vistas pessoais;

Estrutura lógica do assunto: partir sempre da idéia principal, depois para seus respectivos detalhes;

Adequação ao assunto estudado e funcionalidade: o esquema deve ser flexível, adaptado ao tipo de matéria a ser estudada. Os assuntos mais profundos com mais detalhes e os mais fáceis apenas com palavras chaves;

Utilidade de seu emprego: o esquema deve facilitar a pesquisa assim como sua revisão, deixando em evidencias seus pontos chaves;

Cunho pessoal: cada pessoa tem seu próprio jeito de fazer esquemas, portanto, um esquema feito por alguma pessoa raramente ira servir á outra.

2.2 Utilidade do esquema

É resumir textos muito grandes e densos para que o leitor o entenda sem que aja uma leitura completa do texto. Muito utilizado em estudos para provas, matéria a ser dada por
professores, métodos para a realização de trabalhos técnicos, entre outros.

2.3 Elaboração de esquema

Existem várias maneiras para elaboração de um esquema. Porém, é necessário que o esquema expresse palavras que contém a idéia principal.

Um esquema deve estar de acordo com a realidade. Deve-se sintetizar o tema e não modificá-lo, desenvolvendo o esquema de acordo com o tema.

Enfim, para elaboração de um esquema, são necessárias várias leituras do tema. Destas leituras precisa-se marcar um ponto de partida, destacar a idéia principal e seguir uma linha de fatos ligados entre si. Estes fatos devem conter as expressões principais.


2.3.1 Recomendações para elaboração de esquemas

a) Captar a estrutura da exposição do autor quer se trate de um livro, de uma seção, de um capítulo. Pode-se obter o esboço inicial a partir dos títulos, subtítulos e das epigrafes. Estas funcionam como guias e indicadores.

b) Colocar os títulos mais gerais numa margem e os subtítulos e divisões nas colunas subseqüentes e assim sucessivamente, caminhando da esquerda para a direita.

c) Utilizar o sistema de numeração progressiva (1, 1,1, 1,2, 1.2.1, 2 etc.) ou convencionar o uso de algarismos romanos, letras maiúsculas, minúsculas, números, etc., para indicar as divisões e subdivisões sucessivas.

d) Usar alguns símbolos convencionais e convencionar abreviaturas para poupar tempo e facilitar a captação rápida das idéias. Assim, por exemplo:

→ para indicar: “produz”, “decorre”, “por conseguinte”, “conduz a”, “resulta” etc. Ex.: grupo minoritário → marginalização;

♂ para indicar sexo masculino — homem;

♀ para indicar sexo feminino — mulher;

☺ para indicar sujeito — indivíduo, homem etc.

2.4 Exemplo

O industrialismo tem como imperativo máximo à conquista do velho pelo novo; e está forçando a humanidade a marchar através da história a um ritmo cada vez mais rápido. Porém, fixa somente a direção geral dessa marcha. A natureza geral do caminho define muitos caracteres específicos que de outra maneira aparecem como mistos e inclusive acidentais. Outra questão é porque um caminho ou outro é escolhido ou aceito pelos homens, ou imposto a eles. O industrialismo é introduzido por elites nativas ou estrangeiras, grupos de homens que pretendem conquistar a sociedade através da superioridade dos novos meios de produção. A nova sociedade, ao longo do tempo e sob um ou outro auspício, está sempre destinada a ganhar. A grande questão dramática não é se o industrialismo haverá de obter a supremacia, mas qual será seu enfoque conceitual da organização da industrialização.


2.4.1 Esquema do exemplo

Industrialismo

Conquista do velho pelo novo;

Fixa a direção geral da marcha.

Caminho

Define muito dos caracteres específicos;

Por que um ou outro é escolhido?

Elite

Deseja conquistar a sociedade;

A nova é destinada a ganhar;

Como organizará a industrialização.

REFERÊNCIA

1 LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia científica. 3. ed.; rev. e ampl. São Paulo: Atlas, 1991.

2 MARCANTONIO, Antonia Terezinha; SANTOS, Martha Maria dos; LEHFELD, Neide Aparecida de Souza. Elaboração e divulgação do trabalho científico. São Paulo: Atlas, 1993.

3 ANDRADE, Maria Margarida de. Introdução à metodologia do trabalho científico: elaboração de trabalhos na graduação. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1999.

4 SALOMON, Délcio Vieira. Como fazer uma monografia. 10 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

5 SIMIÃO, Daniel Schroeter. et al. Organizando a Informação: esquema, fichamento, resumo.

6 NUNES, Luiz Antonio. Manual da monografia jurídica: como se faz uma monografia, uma dissertação, uma tese. 5. ed. rev., ampl. e atual. São Paulo: Saraiva, 2007.

7 RAUEN, Fábio José. Roteiros de investigação científica. Tubarão: Ed. UNISUL, 2002.

quinta-feira, 31 de julho de 2008

A vírgula e as palavras denotativas de realce

Uma das funções da vírgula é isolar determinados termos da oração, imprimindo uma pausa no período. A vírgula, então, é aplicada duplamente: antes e depois do termo que quer se destacar.
Algumas palavras da língua portuguesa são utilizadas para designar algumas idéias. Não se trata propriamente de um advérbio, embora em diversas situações cumpram o papel desempenhado por ele: um
modificador. Assim chamadas de palavras denotativas, elas podem expressar ênfase: palavras denotativas de realce.
As palavras denotativas de realce, já que isolam um termo dentro da oração, devem se apresentar entre vírgulas.

Exemplos:

As crianças principalmente devem ser vacinadas com urgência. [Inadequado]

As crianças, principalmente, devem ser vacinadas com urgência. [Adequado]

Os peixes e mariscos especialmente compunham seu cardápio tradicional. [Inadequado]

Os peixes e mariscos, especialmente, compunham seu cardápio tradicional. [Adequado]

Algumas palavras denotativas, além de indicarem realce, também apontam para a idéia de partição. Elas indicam que, dentro de um conjunto de seres, alguns foram selecionados e é sobre esses que, em geral, recai a ênfase do enunciado. A vírgula, da mesma forma, deve ser empregada duplamente junto a essas palavras.

Exemplo:

Aquelas festas eram sobretudo o reencontro anual da família. [Inadequado]

Aquelas festas eram, sobretudo, o reencontro anual da família. [Adequado]

São outros exemplos de palavras denotativas de realce:

maiormente
mormente

PALAVRAS E EXPRESSÕES DENOTATIVAS

São palavras que, embora, em alguns aspectos (ser invariável, por exemplo), assemelhem-se a advérbios, não possuem, segundo a Nomeclatura Gramatical Brasileira, classificação especial. Do ponto de vista sintático, são expletivas, isto é, não assumem nenhuma função; do ponto de vista morfológico, são invariáveis (muitas delas vindas de outras classes gramaticais); do ponto de vista, semântico são inegavelmente importantes no contexto em que se encontram (daí seu nome). Classificam-se em função da idéia que expressam:

Adição: ainda, além disso, etc.

Por exemplo:

Comeu tudo e ainda repetiu.

Afastamento: embora

Por exemplo:

Foi embora daqui.

Afetividade: ainda bem, felizmente, infelizmente

Por exemplo:

Ainda bem que passei de ano.

Aproximação: quase, lá por, bem, uns, cerca de, por volta de, etc.

Por exemplo:

Ela quase revelou o segredo.

Designação: eis

Por exemplo:

Eis nosso carro novo.

Exclusão: apesar, somente, só, salvo, unicamente, exclusive, exceto, senão, sequer, apenas, etc.

Por exemplo:

Não me descontou sequer um real.

Explicação: isto é, por exemplo, a saber, etc.

Por exemplo:

Li vários livros, a saber, os clássicos.

Inclusão: até, ainda, além disso, também, inclusive, etc.

Por exemplo:

Eu também vou viajar.

Limitação: só, somente, unicamente, apenas, etc.

Por exemplo:

Só ele veio à festa.

Realce: é que, cá, lá, não, mas, é porque, etc.

Por exemplo:

E você lá sabe essa questão? O que não diria essa senhora se soubesse que já fui famoso.

Retificação: aliás, isto é, ou melhor, ou antes, etc.

Por exemplo:

Somos três, ou melhor, quatro.

Situação: então, mas, se, agora, afinal, etc.

Por exemplo:

Mas quem foi que fez isso?

terça-feira, 22 de julho de 2008

NÍVEIS DE LEITURA


Confira os diferentes níveis de leitura e veja como praticar uma pré-leitura.

Ler é uma atividade muito mais complexa do que a simples interpretação dos símbolos gráficos, de códigos, requer que o indivíduo seja capaz de interpretar o material lido, comparando-o e incorporando-o à sua bagagem pessoal, ou seja, requer que o indivíduo mantenha um comportamento ativo diante da leitura.

Os diferentes níveis de leitura



Para que isso aconteça, é necessário que haja maturidade para a compreensão do material lido, senão tudo cairá no esquecimento ou ficará armazenado em nossa memória sem uso, até que tenhamos condições cognitivas para utilizar.De uma forma geral, passamos por diferentes níveis ou etapas até termos condições de aproveitar totalmente o assunto lido. Essas etapas ou níveis são cumulativas e vão sendo adquiridas pela vida, estando presente em praticamente toda a nossa leitura.


O PRIMEIRO NÍVEL é elementar e diz respeito ao período de alfabetização. Ler é uma capacidade cerebral muito sofisticada e requer experiência: não basta apenas conhecermos os códigos, a gramática, a semântica – é preciso que tenhamos um bom domínio da língua.


O SEGUNDO NÍVEL é a pré-leitura ou leitura inspecional. Tem duas funções específicas: primeiro, prevenir para que a leitura posterior não nos surpreenda e, sendo, para que tenhamos chance de escolher qual material leremos, efetivamente. Trata-se, na verdade, de nossa primeira impressão sobre o livro. É a leitura que comumente desenvolvemos “nas livrarias” .Nela, por meio do salteio de partes, respondem basicamente às seguintes perguntas:
Por que ler este livro? Será uma leitura útil? Dentro de que contexto ele poderá se enquadrar?
Essas perguntas devem ser revistas durante as etapas que se seguem, procurando usar de imparcialidade quanto ao ponto de vista do autor, e o assunto, evitando preconceitos.Se você se propuser a ler um livro sem interesse, com olhar crítico, rejeitando-o antes de conhecê-lo, provavelmente o aproveitamento será muito baixo.


LER É armazenar informações;desenvolver;ampliar horizontes;compreender o mundo;comunicar-se melhor;escrever melhor;relacionar-se melhor com o outro.


Pré-leitura

Nome do livro

Autor

Dados bibliográficos

Prefácio e índice

Prólogo e introdução


Os passos da pré-leitura


O primeiro passo é memorizar o nome do autor e a edição do livro, fazer um folheio sistemático: ler o prefácio e o índice (ou sumário), analisar um pouco da história que deu origem ao livro, ver o número da edição e o ano de publicação. Se falarmos em ler um Machado de Assis, um Júlio Verne, um Jorge Amado, já estaremos sabendo muito sobre o livro, não é? É muito importante verificar estes dados para enquadrarmos o livro na cronologia dos fatos e na atualidade das informações que ele contém. Verifique detalhes que possam contribuir para a coleta do maior número de informações possível. Tudo isso vai ser útil quando formos arquivar os dados lidos no nosso arquivo mental!A propósito, você sabe o que seja um prólogo, um prefácio e uma introdução? Muita gente pensa que os três são a mesma coisa, mas não:


PRÓLOGO: é um comentário feito pelo autor a respeito do tema e de sua experiência pessoal.


PREFÁCIO: é escrito por terceiros ou pelo próprio autor, referindo-se ao tema abordado no livro e muitas vezes também tecendo comentários sobre o autor.


INTRODUÇÃO: escrita também pelo autor, referindo-se ao livro e não ao tema.
O segundo passo é fazer uma leitura superficial. Pode-se, nesse caso, aplicar as técnicas da leitura dinâmica.


O TERCEIRO NÍVEL é conhecido como analítico. Depois de vasculharmos bem o livro na pré-leitura, analisamos o livro. Para isso, é imprescindível que saibamos em qual gênero o livro se enquadra: trata-se de um romance, um tratado, um livro de pesquisa e, neste caso, existe apenas teoria ou são inseridas práticas e exemplos. No caso de ser um livro teórico, que requeira memorização, procure criar imagens mentais sobre o assunto, ou seja, VEJA, realmente, o que está lendo, dando vida e muita criatividade ao assunto. Note bem: a leitura efetiva vai acontecer nesta fase, e a primeira coisa a fazer é ser capaz de resumir o assunto do livro em duas frases. Já temos algum conteúdo para isso, pois o encadeamento das idéias já é de nosso conhecimento. Procure, agora, ler bem o livro, do início ao fim. Esta é a leitura efetiva, aproveite bem este momento!
Fique atento!Aproveite todas as informações que a pré-leitura ofereceu.Não pare a leitura para buscar significados de palavras em dicionários ou sublinhar textos – isto será feito em outro momento!


O QUARTO NÍVEL de leitura é o denominado de controle. Trata-se de uma leitura com a qual vamos efetivamente acabar com qualquer dúvida que ainda persista. Normalmente, os termos desconhecidos de um texto são explicitados neste próprio texto, à medida que vamos adiantando a leitura. Um mecanismo psicológico fará com que fiquemos com aquela dúvida incomodando-nos até que tenhamos a resposta. Caso não haja explicação no texto, será na etapa do controle que lançaremos mão do dicionário. Veja bem: a esta altura já conhecemos bem o livro e o ato de interromper a leitura não vai fragmentar a compreensão do assunto como um todo. Será, também, nessa etapa que sublinharemos os tópicos importantes, se necessário. Para ressaltar trechos importantes opte por um sinal discreto próximo a eles, visando principalmente a marcar o local do texto em que se encontra, obrigando-o a fixar a cronologia e a seqüência deste fato importante, situando-o no livro.Aproveite bem esta etapa de leitura!Para auxiliar no estudo, é interessante que, ao final da leitura de cada capítulo, você faça um breve resumo com suas próprias palavras de tudo o que foi lido.


Um QUINTO NÍVEL pode ser opcional: a etapa da repetição aplicada. Quando lemos, assimilamos o conteúdo do texto, mas aprendizagem efetiva vai requerer que tenhamos prática, ou seja, que tenhamos experiência do que foi lido na vida. Você só pode compreender conceitos que tenha visto em seu cotidiano. Nada como unir a teoria à prática. Na leitura, quando não passamos pela etapa da repetição aplicada, ficamos muitas vezes sujeitos àqueles brancos quando queremos evocar o assunto. Para evitar isso, faça resumos! Observe agora os trechos sublinhados do livro e os resumos de cada capítulo, trace um diagrama sobre o livro, esforce-se para traduzi-lo com suas próprias palavras. Procure associar o assunto lido com alguma experiência já vivida ou tente exemplificá-lo com algo concreto, como se fosse um professor e o estivesse ensinando para uma turma de alunos interessados. É importante lembrar que esquecemos mais nas próximas 8 horas do que nos 30 dias posteriores. Isto quer dizer que devemos fazer pausas durante a leitura e ao retornarmos ao livro, consultamos os resumos. Não pense que é um exercício monótono! Nós somos capazes de realizar diariamente exercícios físicos com o propósito de melhorar a aparência e a saúde. Pois bem, embora não tenhamos condições de ver com o que se apresenta nossa mente, somos capazes de senti-la quando melhoramos nossas aptidões como o raciocínio, a prontidão de informações e, obviamente, nossos conhecimentos intelectuais. Vale a pena se esforçar no início e criar um método de leitura eficiente e rápido.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

A MELHOR OPÇÃO É ESTUDAR SEMPRE...



Aqui, na Oficina de Português, você aprende que estudar Língua Portuguesa vai muito mais além de memorizar regras... Para estudar Língua Portuguesa, é preciso saber pensar...

Venha estudar conosco!

sábado, 31 de maio de 2008

Esquema Básico de Dissertação

Imagine que você queira dissertar sobre o seguinte tema:

Tema

Chegando ao terceiro milênio, o homem ainda não conseguiu resolver graves problemas que preocupam a todos.

Sua primeira providência deve ser copiar este tema em uma folha de rascunho e fazer a pergunta: POR QUÊ?

Ao iniciar sua reflexão sobre o tema proposto e sobre uma possível resposta para a questão, procure recordar-se do que já leu ou ouviu a respeito dele. É quase certo que você tenha ao menos uma noção acerca de qualquer tema que lhe vier a ser apresentado.

O ideal, para que sua dissertação explore suficientemente o assunto, é que você obtenha duas ou três “respostas” para a questão formulada: estas “respostas” chamam-se argumentos. Vejamos agora que argumentos poderíamos encontrar para este tema. Uma possibilidade é pensar que um dos sérios problemas que o homem não consegue resolver é o da miséria. Assim, já teríamos o primeiro argumento:

Existem populações imersas em completa miséria.

Pensando um pouco mais nos problemas que enfrentamos, poderíamos formular o segundo argumento:

A paz é interrompida freqüentemente por conflitos internacionais.

Refletindo um pouco mais sobre as questões que afligem a humanidade, logo lembramos do desequilíbrio ecológico, que pode ser nosso terceiro argumento:

O meio ambiente encontra-se ameaçado por sério desequilíbrio ecológico.

Viu como foi fácil? Os argumentos selecionados são exaustivamente noticiados por qualquer meio de comunicação.

TEMA

Chegando ao terceiro milênio, o homem ainda não conseguiu resolver graves problemas que preocupam a todos.

1. Existem populações imersa em completa miséria.

2. A paz é interrompida freqüentemente por conflitos internacionais.

3. O meio ambiente encontra-se ameaçado por sério desequilíbrio ecológico.

Você pode encontrar outros argumentos além destes apresentados acima que justifiquem a afirmação proposta pelo tema. A única exigência é que eles se relacionem com o assunto sobre o qual está escrevendo.

Uma vez estabelecido o tema e os três argumentos, você já dispõe do necessário para, agora, na folha definitiva, começar a redigir sua dissertação. Ela deverá constar de três partes fundamentais: Introdução. Desenvolvimento e Conclusão.

Vamos agora redigir o primeiro parágrafo, ou seja, a Introdução, baseando-nos no quadro acima. Para compô-la, basta que você copie o tema e a ele acrescente os três argumentos, assim como aparecem no quadro. Veja como poderia ser:

Chegando ao terceiro milênio, o homem ainda não conseguiu resolver graves problemas que preocupam a todos, pois existem populações imersas em completa miséria, a paz é interrompida freqüentemente por conflitos internacionais e, além do mais, o meio ambiente encontra-se ameaçado por sério desequilíbrio ecológico.

Observe que, na Introdução, os argumentos são apenas mencionados. Neste primeiro parágrafo informamos o assunto de que a dissertação vai tratar; cada argumento será convenientemente desenvolvido nos parágrafos seguintes. Repare nas palavras pois e além do mais, colocadas neste texto para ligar as diferentes partes da Introdução. São elas que reúnem o tema aos argumentos. Depois de terminado o parágrafo da Introdução, você poderá passar ao Desenvolvimento, explicando cada um dos argumentos expostos acima.

Assim, no próximo parágrafo, escreva tudo o que souber sobre o fato de existirem populações miseráveis.

Embora o planeta disponha de riquezas incalculáveis – estas, mal distribuídas, quer entre Estados, quer entre indivíduos –, encontramos legiões de famintos em pontos específicos da Terra. Nos países do Terceiro Mundo, sobretudo em certas regiões da África, vamos com tristeza a falência da solidariedade humana e da colaboração entre as nações.

Neste parágrafo, a coesão se dá pelo conteúdo do segundo parágrafo, que inteiramente retoma o conteúdo do primeiro argumento exposto na introdução.

No entanto, como você pode perceber, convém, vez por outra, lançar mão de certos exemplos para comprovar suas afirmações.

No parágrafo seguinte desenvolve-se o segundo argumento:

Além disso, nestas últimas décadas, temos assistido, com certa preocupação, aos inúmeros conflitos internacionais que se sucedem. Muitos trazem na memória a triste lembrança das guerras do Vietnã e da Coréia, as quais provocaram grande extermínio. Em nossos dias, testemunhamos conflitos na antiga Iuguslávia, em alguns países membros da Comunidade dos Estados Independestes, sem falar da Guerra do Golfo, que tanta apreensão nos causou.

Note a presença da expressão Além disso no início do parágrafo, que estabelece a ligação com o parágrafo anterior. Ela deve ser colocada para evidenciar o fato de que os parágrafos se relacionam entre si.

Falemos agora do terceiro argumento:

Outra preocupação constante é o desequilíbrio ecológico, provocado pela ambição desmedida de alguns, que promovem desmatamentos desordenados e poluem as águas dos rios. Tais atitudes contribuem para que o meio ambiente, em virtude de tantas agressões, acabe por transformar em local inabitável.

Observe a expressão Outra preocupação constante, colocada no início deste parágrafo. Ela é o elemento de ligação com o parágrafo anterior do Desenvolvimento. Estabelece a conexão entre os argumentos apresentados.

Para que sua dissertação fique completa, falta apenas elaborar um último parágrafo que se denomina Conclusão. Para isso, é preciso que analisemos suas partes constitutivas.

A Conclusão pode iniciar-se com uma expressão que remeta ao que foi dito nos parágrafos anteriores (expressão inicial). A ela deve seguir-se uma reafirmação do tema proposto no início da redação. No final do parágrafo, é interessante colocar uma observação, fazendo um comentário sobre os fatos mencionados ao longo da dissertação.

Com base nessa orientação, já podemos redigir o parágrafo final, ou seja, a Conclusão.

Em virtude de tudo isso, somos levados a acreditar que o homem está muito longe de solucionar os grandes problemas que afligem diretamente uma grande parcela da humanidade e indiretamente a qualquer pessoa consciente e solidária. É desejo de todos nós que algo seja feito no sentido de conter essas forças ameaçadoras, para podermos suportar as adversidades e construir um mundo que, por ser justo e pacífico, será mais facilmente habitado pelas gerações vindouras.

OBSERVAÇÃO:

Caso você deseje, é possível que a Conclusão seja formada apenas pelo comentário final, dispensando o início, constituído pela expressão inicial e reafirmação do tema; eles atuam apenas como reforço, como ênfase ao problema abordado.

Agora, reunindo todos os parágrafos escritos, temos a dissertação completa, acrescida de um título:

Terra: uma preocupação constante

Chegando ao terceiro milênio, o homem ainda não conseguiu resolver graves problemas que preocupam a todos, pois existem populações imersas em completa miséria, a paz é interrompida freqüentemente por conflitos internacionais e, além do mais, o meio ambiente encontra-se ameaçado por sério desequilíbrio ecológico.
Embora o planeta disponha de riquezas incalculáveis – estas, mal distribuídas, quer entre Estados, quer entre indivíduos – encontramos legiões de famintos em pontos específicos da Terra. Nos países do Terceiro Mundo, sobretudo em certas regiões da África, vemos com tristeza, a falência da solidariedade humana e da colaboração entre as nações.
Além disso, nestas últimas décadas, temos assistido, com certa preocupação, aos inúmeros conflitos internacionais que se sucedem. Muitos trazem na memória a triste lembrança das guerras do Vietnã e da Coréia, as quais provocaram grande extermínio. Em nossos dias, testemunhamos conflitos na antiga Iugoslávia, em alguns países membros da Comunidade dos Estados Independentes, sem falar da Guerra do Golfo, que tanta apreensão nos causou.
Outra preocupação constante é o desequilíbrio ecológico, provocado pela ambição desmedida de alguns, que promovem desmatamentos desordenados e poluem as águas dos rios. Tais atitudes contribuem para que o meio ambiente, em virtude de tantas agressões, acabe por se transformar em local inabitável.
Em virtude de tudo isso, somos levados a acreditar que o homem está muito longe de solucionar os grandes problemas que afligem diretamente uma grande parcela da humanidade e indiretamente a qualquer pessoa consciente e solidária. É desejo de todos nós que algo seja feito no sentido de conter essas forças ameaçadoras, para podermos suportar as adversidades e construir um mundo que, por ser justo e pacífico, será mais facilmente habitado pelas gerações vindouras.

Caso você deseje fazer uma dissertação um pouco menor, basta usar dois argumentos em vez de três.

domingo, 25 de maio de 2008

ESTUDO DOS RADICAIS

Radicais e compostos eruditos


O mecanismo da composição é utilizado para a formação de um tipo específico de palavras, conhecidas como compostos eruditos. Esse nome se deve ao fato de que em sua formação se utilizam elementos de origem grega e latina que foram diretamente importados dessas línguas com essa finalidade. Por isso, esses compostos são também chamados de helenismos e latinismos eruditos. São palavras como pedagogia e quiromancia (formadas de elementos gregos) ou arborícola e uxoricida (formadas por elementos latinos), normalmente criadas para denominar objetos ou conceitos relacionados com as ciências e as técnicas. Muitas delas acabam se tornando cotidianas, como telefone, automóvel, democracia, agricultura.
Apresentamos a seguir duas relações de radicais gregos e duas relações de radicais latinos. A primeira relação de radicais gregos e a primeira relação de radicais latinos agrupam os elementos formadores que normalmente são colocados no início dos compostos; a segunda relação de radicais agrupa, em cada caso, os elementos formadores que costumam surgir na parte final dos compostos. Adotamos esse procedimento a fim de facilitar seu trabalho de consulta: ao encontrar determinado exemplo na relação dos radicais que costumam ser o primeiro elemento do composto, você poderá verificar mais rapidamente o valor do segundo elemento na relação dos radicais que costumam figurar no final dos compostos. Atente para o fato de que certos radicais costumam aparecer em determinadas posições nos compostos; nada os impede de surgir em posição diferente.
Alguns dos radicais que colocamos nas relações a seguir são considerados prefixos por alguns autores; outros estudiosos preferem chamá-los elementos de composição. Acreditamos que essas questões terminológicas são pouco importantes para você, que tem finalidades mais práticas. Observe que muitas palavras que fazem parte das suas aulas de Biologia, Química e Física podem ser encontradas nas relações abaixo; observe, principalmente, que o conhecimento do significado dos elementos que as constituem muitas vezes nos ajuda a compreender os conceitos e seres que denominam.

RADICAIS GREGOS

Elementos que normalmente surgem na parte inicial do composto
radical e significado - exemplos
acr-, acro- (alto, elevado)
acrópole, acrofobia, acrobata
aer-, aero- (ar)
aeródromo, aeronauta, aeróstato, aéreo
agro- (campo)
agrologia, agronomia, agrografia, agromania
al-, alo- (outro, diverso)
alopatia, alomorfia
andr-, andro- (homem, macho)
androceu, andrógino, andróide, andosperma
anemo- (vento)
anemógrafo, anemômetro
angel-, angelo- (mensageiro, anjo)
angelólatra, angelogia
ant-, anto- (flor)
antologia, antografia, antóide, antomania
antropo- (homem)
antropógrafo, antropologia, filantropo
aritm-, aritmo- (número)
aritmética, aritmologia, aritmomancia
arque-, arqueo- (primeiro, origem, antigo)
arquétipo, arquegônio, arqueografia, arqueologia, arqueozóico
aster-, astro- (estrela, astro)
asteróide, astrólogo, astronomia
auto- (próprio)
autocracia, autógrafo, autômato
bari-, baro- (peso)
barômetro, barítono, barisfera
biblio- (livro)
bibliografia, biblioteca, bibliófilo
bio- (vida)
biografia, biologia, macróbio, anfíbio
caco- (mau)
cacofonia, cacografia
cali- (belo)
califasia, caligrafia
cardi-, cardio- (coração)
cardiologia, cardiografia
cin-, cine-, cines- (movimento)
cinestesia, cinemática
core-, coreo- (dança)
coreografia, coreógrafo
cosmo- (mundo)
cosmógrafo, cosmologia
cript-, cripto- (escondido)
criptônimo, criptograma
cris-, criso- (ouro)
crisálida, crisâtemo
crom-, cromo- (cor)
cromossomo, cromogravura, cromoterapia
crono- (tempo)
cronologia, cronômetro, cronograma
datilo- (dedo)
datilografia, datiloscopia
demo- (povo)
demografia, datiloscopia
dinam-, dinamo- (força
dinamômetro, dinamite
eco- (casa)
ecologia, ecossistema, economia
eletro- (âmbar, eletricidade)
elétrico, eletrômetro
enter-, entero- (intestino)
enterite, enterogastrite
ergo- (trabalho)
ergonomia, ergometria
estere-, estereo- (sólido, fixo)
estereótipo, estereografia
estomat-, estomato- (boca, orifício)
estomatite, estomatoscópio
etno- (raça)
etnografia, etnologia
farmaco- (medicamento)
farmacologia, farmacopéia
filo- (amigo)
filósofo, filólogo
fisio- (natureza)
fisiologia, fisionomia
fono- (voz)
eufonia, fonologia
fos-, foto- (luz)
fósforo, fotofobia
gastr-, gastro- (estômago)
gastrite, gastrônomo
gen-, geno- (que gera)
genótipo, hidrogênio
geo- (terra)
geografia, geologia
ger-, gero- (velhice)
geriatria, gerontocracia
helio- (sol)
heliografia, helioscópio
hemi- (metade)
hemisfério, hemistíquio
hemo-, hemato- (sangue)
hemoglobina, hematócrito
hetero- (outro)
heterônimo, heterogêneo
hidro- (água)
hidrogênio, hidrografia
hier-, hiero- (sagrado)
hieróglifo, hierosolimita
hipo- (cavalo)
Hipódromo, hipopótamo
homo-, homeo- (semelhante)
homeopatia, homógrafo, homogêneo
icono- (imagem)
iconoclastia, iconolatria
ictio- (peixe)
ictiófago, ictiologia
iso- (igual)
isócrono, isósceles
ito- (pedra)
litografia, litogravura
macro- (grande)
macrocéfalo, macrocosmo
mega-, megalo- (grande)
megatério, megalomaníaco
melo- (canto)
melodia, melopéia
meso- (meio)
mesóclise, mesopotâmia
micro- (pequeno)
micróbio, microcéfalo, microscópio
miso- (que odeia)
misógino, misantropo
mito- (fábula)
mitologia, mitômano
necro- (morto)
necrópole, necrotério
neo- (novo)
neolatino, neologismo
neuro-, nevr- (nervo)
neurologia, nevralgia
odonto- (dente)
odontologia, odontalgia
ofi-, ofio- (cobra, serpente)
ofiologia, ofimancia
oftalmo- (olho)
oftalmologia, oftalmoscópio
onomato- (nome)
onomatologia, onomatopéia
ornit-, ornito- (ave)
ornitologia, ornitóide
oro- (montanha)
orogenia, orografia
oste-, osteo- (osso)
osteoporose, osteodermo
oxi- (ácido, agudo)
oxítona, oxígono, oxigênio
paleo- (antigo)
paleografia, paleontologia
pan- (todos, tudo)
panteísmo, pan-americano
pato- (doença, sentimento)
patologia, patogenético, patético
pedi-, pedo- (criança)
pediatria, pedologia
piro- (fogo)
pirólise, piromancia, pirotecnia
pluto- (riqueza)
plutomania, plutocracia
poli- (muito)
policromia, poliglota, polígrafo, polígono
potamo- (rio)
potamografia, potamologia
proto- (primeiro)
protótipo, protozoário
pseudo- (falso)
pseudônimo, pseudópode
psico- (alma, espírito)
psicologia, psicanálise
quiro- (mão)
quiromancia, quiróptero
rino- (nariz)
rinoceronte, rinoplastia
rizo- (raiz)
rizófilo, rizotônico
sider- (ferro)
siderólito, siderurgia
sismo- (abalo, tremor)
sismógrafo, sismologia
taqui- (rápido)
taquicardia, taquigrafia
tax-, taxi-, taxio- (ordem, arranjo)
taxiologia, taxidermia
tecno- (arte, ofício, indústria)
tecnologia, tecnocracia, tecnografia
tele- (longe)
telegrama, telefone, telepatia
teo- (deus)
teocracia, teólogo
term-, termo- (calor)
termômetro, isotérmico
tipo- (figura, marca)
tipografia, tipologia
topo- (lugar)
topografia, toponímia
xeno- (estrangeiro)
xenofobia, xenomania
xilo- (madeira)
xilógrafo, xilogravura
zoo- (animal)
zoógrafo, zoologia
NUMERAIS

radical e significado
exemplos

mon-, mono- (um)
monarca, monogamia
di- (dois)
dipetalo, dissílabo
tri- (três)
trilogia, trissílabo
tetra- (quatro)
tetrarca, tetraedro
pent-, penta- (cinco)
pentatlo, pentágono
hexa- (seis)
hexágono, hexâmetro
hepta- (sete)
heptágono, heptassílabo
octo- (oito)
octossílabo, octaedro
enea- (nove)
eneágono, eneassílabo
deca- (dez)
decaedro, decalitro
hendeca- (onze)
hendecassílabo, hendecaedro
dodeca- (doze)
dodecassílabo
icos- (vinte)
icosaedro, icoságono
hecto-, hecato- (cem)
hectoedro, hecatombe, hectômetro, hectograma
quilo- (mil)
quilograma, quilômetro
miria- (dez mil; inumerável)
miriâmetro, miríade, miriápode

ESTUDO DOS SUFIXOS

A leitura atenta dos exemplos referentes ao uso dos sufixos aumentativos e diminutivos deixa evidente que a dimensão física não é a única coisa com que eles se relacionam. É fácil notar que muitas vezes esses sufixos sugerem deformidade (como em beiçorra, cabeçorra), admiração (carrão), desprezo (asneirão, poestatro, artiguete), carinho (paizinho, pequenino), intensidade (alegrinho), ironia (safadinha) e vários outros matizes semânticos. No caso dos sufixos pertencentes ao último grupo apresentado, temos a formação de diminutivos eruditos — diretamente importados do latim —, os quais são muito usados na terminologia científica.

Sufixos Latinos
Função lexical
Exemplos

-ADA
Forma substantivos a partir de substantivos
Boiada, colherada, facada, laranjada, meninada, noitada, risada.
-AGEM
Forma substantivos a partir de substantivos
Aprendizagem, estiagem, ferragem, folhagem, malandragem, ladroagem, massagem.
-AL
Forma adjetivos e substantivos a partir de substantivos
Genial, mortal, pessoal; areal, arrozal, bananal, pantanal.
-ANO, -ÃO
Forma adjetivos de substantivos
Americano, republicano, serrano; ribeirão, comarcão, cristão, vilão.
-ÃO
Ampliado em -alhão, -arrão, -eirão, -zarrão, figura na formação de aumentativo
Casarão, grandalhão, chapeirão, homenzarrão, toleirão, santarrão.
-ARIA, -ERIA[1]
Forma substantivos de substantivos
Cavalaria, drogaria, feitiçaria, livraria, periferia, peixaria.
-ÁRIO, -EIRO, -A
Forma substantivos de substantivos
Boticário, campanário, estatuário; barbeiro, galinheiro, nevoeiro; cabeleira, cigarreira, pulseira.
-ATO, -ADO
Forma substantivos de substantivos
Baronato, sindicato, tribunato; arcebispado, apostolado, bacharelado, condado.
-DADE
Forma substantivos de adjetivos
Bondade, castidade, cristandade, crueldade, dignidade, felicidade, divindade.
-DOR, -TOR, -SOR
Forma substantivos de verbos
Acusador, armador, orador; instrutor, tradutor, escritor; ascensor, confessor, assessor.
-DURA, -TURA, -SURA
Forma substantivos de verbos
Assadura, ditadura, fechadura; assinatura, abertura, cobertura, escritura; clausura, mensura.
-EAR
Forma verbos de substantivos
Cartear, barbear, golpear, guerrear, rodear, pastorear, vozear.
-ECER
Forma verbos de substantivos
Amanhecer, amarelecer, favorecer, anoitecer, entardecer, escurecer, amadurecer.
-EDO
Forma substantivos de substantivos
Arvoredo, lajedo, olivedo, passaredo, rochedo, vinhedo.
-EJAR
Forma verbos de substantivos
Cortejar, gotejar, lacrimejar, manejar, velejar, voejar.
-ENSE, -ÊS
Forma adjetivos de substantivos
Ateniense, maranhense, cearense, parisiense. Cortês, montanhês, montês, português.
-EZ, -EZA
Forma substantivos de adjetivos
Altivez, estupidez, malvadez, sensatez; beleza, certeza, rudeza, tristeza.
-FICAR
Forma verbos de substantivos e de adjetivos
Exemplificar, petrificar, dignificar, falsificar, purificar, ramificar, clarificar.
-CIE, -ICE
Forma substantivos de adjetivos
Calvície, planície; criancice, doidice, meninice, tolice, velhice.
-IO
Forma substantivos de substantivos
Mulherio, poderio, rapazio, senhorio.
-ITAR, -INHAR
Forma verbos de substantivos
Saltitar, cuspinhar.
-IVO
Forma adjetivos de verbos
Afirmativo, comparativo, negativo, fugitivo, lucrativo, cansativo, pensativo.
-MENTO
Forma substantivos de verbos
Casamento, juramento, cerceamento, conhecimento, fingimento, juramento, pensamento.
-OSO
Forma adjetivos de substantivos
Cheiroso, famoso, gostoso, volumoso, orgulhoso, amoroso.
-TÓRIO[2], -DOURO
Forma substantivos de verbos
Dormitório, laboratório, oratório, purgatório; ancoradouro, bebedouro, matadouro.
-TUDE, -DÃO
Forma substantivos de adjetivos
Altitude, amplitude, latitude, longitude; certidão, escuridão, lassidão, vastidão.
-UDO
Forma adjetivos de substantivos
Beiçudo, bicudo, carnudo, cabeçudo, peludo, sisudo.
-URA
Forma substantivos de adjetivos
Amargura, brancura, alvura, loucura, brandura, ternura.
-VEL, -BIL[3]
Forma adjetivos de verbos
Amável, desejável, discutível, solúvel, suportável; flébil, ignóbil.

[1] Na linguagem brasileira de nossos dias, tem -eria nas seguintes palavras: bateria (importada do francês), correria, galeria, leiteria, loteria, (importada do italiano), parceria, sorveteria.
[2] O sufixo erudito -tório ainda forma adjetivos: divinatório, satisfatório, notório, transitório.
[3] Formas literárias em -bil (terríbil, implacábil, incansábil, invisíbil, etc.) foram muito usadas por escritores de outras épocas, como Camões, em Os Lusíadas. Ainda hoje figuram tais formas nos superlativos eruditos (amabilíssimo, terribilíssimo) e nos substantivos abstratos derivados de muitos adjetivos (amabilidade, volubilidade).
Sufixos Gregos

-IA — astronomia, filosofia, geometria; energia, eufonia, profecia.
-ISMO — aforismo, cataclismo, comunismo, jornalismo.
-ISTA — catequista, evangelista, modernista, nortista, socialista.
-ITA — eremita, jesuíta, ismaelita, selenita.
-ITE — bronquite, colite, dinamite, renite.
-IZ(AR)[1] — batizar, catequizar, realizar, rivalizar, suavizar.
-OSE — esclerose, osteose, tuberculose.
-TÉRIO — batistério, cemitério, necrotério.

Sufixos de outras procedências

1) Ibéricos
-EGO — borrego, labrego, pelego, galego.
-EJO — andejo, animalejo, lugarejo, quintalejo.
-ITO(A) — cabrita, casita, Anita.
-ORRA — cabeçorra, machorra, manzorra.

2) Italianos
-ESCO — dantesco, gigantesco, parentesco, pitoresco.

3) Germânicos
-ARDO[2] — felizardo, moscardo.
-ENGO — mulherengo, realengo, solarengo, verdorengo.

4) Tupi
-RANA — sagarana, caferana.

5) De origem desconhecida
-AMA — dinheirama, mourama.
-ANCO(A) — barranco, pelanca, potranca.
-ASCO(A) — pardavasco, verdasca, nevasca.
-EBRE — casebre.
-ECO(A) — jornaleco, livreco, padreco, soneca.
-ICO — burrico.
-OTE — filhote, meninote, serrote, velhote.

[1] Não confundir com os verbos cujo radical termina em -iz (ajuizar, de juiz; enraizar, de raiz), ou -is (avisar, de aviso; alisar, de liso; encamisar, de camisa).
[2] Aparece em alguns nomes próprios: Bernardo, Leonardo, Ricardo.

ESTUDO DOS PREFIXOS

Já sabemos que os prefixos são morfemas que se colocam antes dos radicais basicamente a fim de modificar-lhes o sentido; raramente esses morfemas produzem mudanças de classe gramatical. O conhecimento dos prefixos é um recurso para aprimorar sua capacidade de leitura e de produção de textos, pois é uma forma econômica de ampliação de vocabulário.

Os principais prefixos da língua portuguesa são de origem latina. Na relação que se segue, colocamos as diversas formas que esses prefixos costumam assumir, o tipo de modificação de significado que introduzem no radical e vários exemplos. Muitos desses prefixos originaram-se de preposições e advérbios da língua portuguesa. Leia a relação com cuidado, concentrando-se principalmente nos exemplos:

Prefixos de origem latina
prefixo e significado
exemplos
a-, ab-, abs- (separação, afastamento, privação)
abdicar, abjurar, abster, abstrair, ab-rogar, absolver, absorver, abuso, abusar, amovível, abster, aversão.
a-, ad- (aproximação, direção, aumento, transformação)
abeirar, achegar, abraçar, aproveitar, amadurecer, adiantar, avivar, adjunto, administrar, admirar, adventício, assimilar.
além- (para o lado de lá, do lado de lá)
além-túmulo, além-mar, além-mundo.
ante- (anterioridade no espaço ou no tempo)
antebraço, antemuro, antepasto, ante-sala, antevéspera, antedata, antegozar, antepor, anteontem.
aquém- (para o lado de cá, do lado de cá)
aquém-mar, aquém-fronteiras.
bem-, bem- (de forma agradável, positiva ou intensa)
bem-aventurado, bem-vindo, benfeitor, benquisto, bem-acabado, bem-apanhado, bem-apessoado, bem-nascido, bem-quere, bem-visto.
circum-, circum- (ao redor de, em torno de)
circuncentro, circunscrever, circunvizinhança, circunvalar, circunvagar.
cis- (posição aquém, do lado de cá)
cisandino, cisplatino, cisalpino, cislunar, cispadano.
co-, com- (contigüidade, companhia, agrupamento)
Coabitar, coadjuvante, co-administração, coadquirir, co-aluno, condiscípulo, co-arrendamento, combater, correligionário, conjurar, consoante, confluência, compor, cooperar, corrobar, conviver, co-irmão, co-herdeiro.
Contra- (oposição, ação conjunta, proximidade)
Contra-atacar, contra-argumento, contradizer, contrapor, contraprova, contrabalancar, contra-cheque, contracultura, contra-exemplo, contracapa, contracanto, contramestre.
de- (movimento de cima para baixo)
decrescer, decompor, depor, depender, decapitar, deliberar, decair.
des- (separação, ação contrária, negação, privação)
despedaçar, desfazer, desleixar, desumano, desamor, desventura, desintegrar, desigual, desconforme, desobedecer, desmatar, desenganar, desunião, descaroçar, desfolhar. Às vezes, serve apenas para reforço: desafastar, desinfeliz, desinqueto.
dis-, di- (separação, movimento para diversos lados, negação)
difícil, dissidente, dilacerar, dirimir, disseminar, distender, disforme, dissabor, divagar, difundir.
e-, es-, ex- (movimento para fora, separação, transformação)
emigrar, evadir, expor, exportar, exprimir, expatriar, extrair, esquentar, esfriar, esburacar; ex-tuberculoso, ex-presidente, ex-ministro, ex-namorada.
en-, em-, i-, in-, im- (posição interior, movimento para dentro)
enraizar, enterrar, embarcar, embeber, imigrar, irromper, importar, importação, ingerir, inocular.
entre-, inter- (posição intermediária, reciprocidade)
entreabrir, entre choque, entrelaçar, entrevista, entretela, entrever, interação, intercâmbio, intervir, interromper, intercalar.
extra- (posição exterior, fora de)
extraconjugal, extrajudicial, extra-oficial, extraordinário, extranumerário, extraterrestre, extravasar, extraviar
i-, in- (negação, privação)
imoderado, inalterado, ilegal, ilegítimo, irresoluto, irrestrito, incômodo, inútil, incapaz, impuro, impróprio.
intra- (posição interior)
intrapulmonar, intravenoso, intra-ocular.
intro- (movimento para dentro)
introduz, intrometer, intrometido, introverter, introjeção, introspecção.
justa- (posição ao lado)
justapor, justaposição, justalinear, justamarítimo.
mal- (de forma irregular, desagradável ou escassa)
mal-humorado, mal-educado, mal-arrumado, mal-assombrado, malfeito, mal-assado, mal-aventurança, malcriado.
ob-, o- (posição em frente, diante, oposição)
objeto, obstar, obstáculo, obstruir, obstrução, opor, oposição.
per- (movimento através)
perpassar, percorrer, percurso, perfurar, perseguir, perdurar.
pos-, pós- (posterioridade, posição posterior)
posfácio, pospor, posposição, posponto, pós-escrito, pós-diluviano, pós-graduação, pós-eleitoral, pós-simbolismo, pós-verbal.
pre-, pré- (anterioridade, antecedência)
Premeditar, preestabelecer, predizer, predispor, predisposição, prever, previsão, previdente, pré-história, pré-carnavalesco, pré-adolescente, pré-amplificador, pré-ajustar.
pro-, pró- (movimento para a frente, a favor de)
promover, propelir, progredir, progresso, proeminente, proclamar, prosseguir, pró-americano, pró-socialista, pró-britãnico, pró-anistia.
re- (movimento para trás, repetição)
refluir, reagir, repugnar, reassumir, reatar, reaver, reeditar, recomeçar, reedificar, reorganizar, reorganização, reviver, renascer, reanimar.
retro- (movimento para trás)
retroação, retrocesso, retroceder, retrogradar, retroativo, retropropulsão, retrógrado, retrospectivo, retrovisor.
semi- (metade de, quase, que faz o papel de)
semicírculo, semibreve, semicerrado, semicondutor, semiconsciente, semi-escravidão, semi-analfabeto, semivogal, semimorto.
soto-, sota- (debaixo, posição inferior)
sotopor, sotavento, sota-proa, sota-voga, soto-soberania.
sub-, su-, sob-, so- (movimento de baixo para cima, inferioridade, quase)
Sobraçar, soerguer, soterrar, sujeitar, subjugar, submeter, subalimentado, sudesenvolvimento, subliteratura, subumano, submarino, subverter, subdelegado, suspender, suster.
sobre-, super-, supra- (posição acima ou em cima, excesso, superioridade)
Sobrepor, superpor, sobrescrito, sobrescrever, sobrevir, supranumerário, sobredito, supradito, supersensível, super-homem, supermercado, superdotado, supercivilização.
tras-, tres-, trans- (movimento ou posição para além de; através)
traspassar ou transpassar, trasbordar ou transbordar, tresandar, tresvariar, transatlântico, transalpino, transandino, transcoar, transplantar, transiberiana.
ultra- (posição além de; em excesso)
ultrapassar, ultramar, ultravioleta, ultramicroscópico, ultraconservador, ultra-romãntico, ultra-som, ultra-sofisticado.
vice- (em lugar de, em posição imediatamente inferior)
vice-presidente, vice-diretor, vice-cônsul, vice-almirante, vice-rei, vice-campeão, vice-artilheiro.

Na lista, encontramos prefixos cuja freqüência de uso é bastante variada. Alguns têm sido pouco usados na língua atual (como, por exemplo, justa-) enquanto outros são extremamente produtivos (como contra-, des-, in-, etc.).
Também são usados prefixos de origem grega em nossa língua, principalmente para a formação de palavras eruditas, que são muito úteis na nomenclatura científica. Observe esses prefixos na relação a seguir:


Prefixos gregos
prefixo e significado
exemplos
an-, a- (privação, negação)
Anarquia, anônimo, ateu, acéfalo, amoral, anestesia, afônico, anemia.
an(a)- (movimento de baixo para cima, movimento inverso, repetição, afastamento, intensidade)
Anacronismo, anagrama, análise, anabatista, anáfora, analogia, anatomia.
anf(i)- de um e de outro lado, ao redor)
Anfiteatro, anfíbio, anfípode.
ant(i)- (ação contrária, oposição)
Antagonista, antítese, antiaéreo, antípoda, antídoto, antipatia, anticonstitucional, anticorpo, antifebril, antimonárquico, anti-social.
ap(o)- (afastamento, separação)
Apóstata, apogeu, apóstolo.
arc(a)-, arce-, arque-, arqui- (superioridade, primazia)
Arcanjo, arquiduque, arqüétipo, arcebispo, arquimilionário.
cata- (movimento de cima para baixo, oposição, em regressão)
Cataclismo, catacumba, catarro, catástrofe, catadupa, catacrese, catálise, catarata.
di(a)- (através, por meio de, separação)
Diagnóstico, diálogo, dialeto, diâmetro, diáfano.
dis- (mau estado, dificuldade)
Dispnéia, disenteria, dislalia, dispepsia.
ec-, ex- (movimento para fora)
eclipse, exantema, êxodo.
en-, e-, em- (posição interior, dentro)
encéfalo, emplasto, elipse, embrião
end(o)- (movimento para dentro, posição interior)
endocarpo, endotérmico, endoscópio.
ep(i)- (posição superior, sobre, movimento para, posterioridade)
epiderme, epígrafe, epílogo, epicarpo, epidemia.
eu-, ev- (bem, bom)
eufonia, eugenia, eufemismo, euforia, eutanásia, evangelho, evônimo.
hiper- (posição superior, excesso, além)
hipérbole, hipertensão, hipercrítico, hiperdesenvolvimento, hiperestesia, hipoermercado, hipermetropia, hipertrofia, hipersônico.
hip(o)- (posição inferior, escassez)
hipodérmico, hipótese, hipocalórico, hipogeu, hipoglicemia, hipotensão, hipoteca.
met(a)- (mudança, sucessão, posterioridade, além)
metáfora, metamorfose, metafísica, metonímia, metacarpo, metátese, metempsicose.
par(a)- (perto, ao lado de, elemento acessório)
paradoxo, paralelo, parágrafo, paramilitar, parábola, parâmetro.
peri- (movimento para diante, posição em frente ou anterior)
perímetro, perífrase, periferia, período, perianto, pericarpo.
pro- (movimento para diante, posição em frente ou anterior)
programa, prólogo, prognóstico, pródromo, próclise.
sin-, sim- (ação conjunta, companhia, reunião, simultaneidade)
sinestesia, sincronia, síntese, sinônimo, sinfonia, simpatia, sílaba, sintaxe, sistema.

Como você percebeu, a maior parte das aplicações desses prefixos se liga à nomenclatura científica. Observe, no entanto, que há alguns entre eles que são muito empregados na linguagem cotidiana, principalmente anti- e hiper-. Anti- é, particularmente, um prefixo muito empregado na linguagem jornalística, em que surge em palavras ligadas à política, como antigetulista, antichaguismo e outras, muitas delas de vida efêmera.
O dinamismo da língua se reflete também no campo dos prefixos, que passam por modificações de forma e sentido. Além disso, a língua tende a criar novos prefixos, utilizando muitas vezes preposições e advérbios. É o que você pode perceber na relação a seguir:

prefixo e significado
exemplos
sem- (falta, privação, ausência)
sem-amor, sem-terra, sem-teto, sem-fim, sem-vergonha, sem-família.
quase- (perto, aproximadamente, por pouco, pouco menos)
quase-delito, quase-equilíbrio, quase-posse, quase-suicida
não- (negação por exclusão)
Não-alinhado, não-euclidiano, não-violência, não-engajamento, não-essencial, não-ficção, não-metal, não-participante. Note, por exemplo, que não-socialista não é o mesmo que anti-socialista.

É importante perceber que os prefixos nos oferecem uma forma sintética de expressão. Veja, por exemplo, a economia verbal proporcionada pelo prefixo sem- numa frase como “O secretário não atendeu às reivindicações dos sem-terra”. Em que sem-terra faz as vezes de uma estrutura como "aqueles que não possuem terras".
O mesmo tipo de efeito se obtém com o prefixo anti- numa frase como “Foi grande a participação popular nas manifestações anti-racismo”. Em que anti-racismo substitui uma expressão como "contrárias ao racismo", "que se opõem ao racismo". Reflita sobre frases semelhantes com prefixos como não-, quase-, contra-, entre- e outros e perceba que você tem um poderoso instrumento de síntese com que lidar.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

PRINCÍPIOS E CARACTERÍSTICAS DA REDAÇÃO DE CORRESPONDÊNCIA OFICIAL

A Impessoalidade

A finalidade da língua é comunicar, quer pela fala, quer pela escrita. Para que haja comunicação, são necessários: a) alguém que comunique, b) algo a ser comunicado, e c) alguém que receba essa comunicação. No caso da redação oficial, quem comunica é sempre o Serviço Público (este ou aquele Ministério, Secretaria, Departamento, Divisão, Serviço, Seção); o que se comunica é sempre algum assunto relativo às atribuições do órgão que comunica; o destinatário dessa comunicação ou é o público, o conjunto dos cidadãos, ou outro órgão público, do Executivo ou dos outros Poderes da União.

Percebe-se, assim, que o tratamento impessoal que deve ser dado aos assuntos que constam das comunicações oficiais decorre:

a) da ausência de impressões individuais de quem comunica: embora se trate, por exemplo, de um expediente assinado por Chefe de determinada Seção, é sempre em nome do Serviço Público que é feita a comunicação. Obtém-se, assim, uma desejável padronização, que permite que comunicações elaboradas em diferentes setores da Administração guardem entre si certa uniformidade;

b) da impessoalidade de quem recebe a comunicação, com duas possibilidades: ela pode ser dirigida a um cidadão, sempre concebido como público, ou a outro órgão público. Nos dois casos, temos um destinatário concebido de forma homogênea e impessoal;

c) do caráter impessoal do próprio assunto tratado: se o universo temático das comunicações oficiais se restringe a questões que dizem respeito ao interesse público, é natural que não cabe qualquer tom particular ou pessoal.

Desta forma, não há lugar na redação oficial para impressões pessoais, como as que, por exemplo, constam de uma carta a um amigo, ou de um artigo assinado de jornal, ou mesmo de um texto literário. A redação oficial deve ser isenta da interferência da individualidade que a elabora.

A concisão, a clareza, a objetividade e a formalidade de que nos valemos para elaborar os expedientes oficiais contribuem, ainda, para que seja alcançada a necessária impessoalidade.

A Linguagem dos Atos e Comunicações Oficiais

A necessidade de empregar determinado nível de linguagem nos atos e expedientes oficiais decorre, de um lado, do próprio caráter público desses atos e comunicações; de outro, de sua finalidade. Os atos oficiais, aqui entendidos como atos de caráter normativo, ou estabelecem regras para a conduta dos cidadãos, ou regulam o funcionamento dos órgãos públicos, o que só é alcançado se em sua elaboração for empregada a linguagem adequada. O mesmo se dá com os expedientes oficiais, cuja finalidade precípua é a de informar com clareza e objetividade.

As comunicações que partem dos órgãos públicos federais devem ser compreendidas por todo e qualquer cidadão brasileiro. Para atingir esse objetivo, há que evitar o uso de uma linguagem restrita a determinados grupos. Não há dúvida que um texto marcado por expressões de circulação restrita, como a gíria, os regionalismos vocabulares ou o jargão técnico, tem sua compreensão dificultada.

Ressalte-se que há necessariamente uma distância entre a língua falada e a escrita. Aquela é extremamente dinâmica, reflete de forma imediata qualquer alteração de costumes, e pode eventualmente contar com outros elementos que auxiliem a sua compreensão, como os gestos, a entoação, etc., para mencionar apenas alguns dos fatores responsáveis por essa distância. Já a língua escrita incorpora mais lentamente as transformações, tem maior vocação para a permanência, e vale-se apenas de si mesma para comunicar.

A língua escrita, como a falada, compreende diferentes níveis, de acordo com o uso que dela se faça. Por exemplo, em uma carta a um amigo, podemos nos valer de determinado padrão de linguagem que incorpore expressões extremamente pessoais ou coloquiais; em um parecer jurídico, não se há de estranhar a presença do vocabulário técnico correspondente. Nos dois casos, há um padrão de linguagem que atende ao uso que se faz da língua, a finalidade com que a empregamos.

O mesmo ocorre com os textos oficiais: por seu caráter impessoal, por sua finalidade de informar com o máximo de clareza e concisão, eles requerem o uso do padrão culto da língua. Há consenso de que o padrão culto é aquele em que a) se observam as regras da gramática formal, e b) se emprega um vocabulário comum ao conjunto dos usuários do idioma. É importante ressaltar que a obrigatoriedade do uso do padrão culto na redação oficial decorre do fato de que ele está acima das diferenças lexicais, morfológicas ou sintáticas regionais, dos modismos vocabulares, das idiossincrasias lingüísticas, permitindo, por essa razão, que se atinja a pretendida compreensão por todos os cidadãos.

Lembre-se que o padrão culto nada tem contra a simplicidade de expressão, desde que não seja confundida com pobreza de expressão. De nenhuma forma o uso do padrão culto implica emprego de linguagem rebuscada, nem dos contorcionismos sintáticos e figuras de linguagem próprios da língua literária.

Pode-se concluir, então, que não existe propriamente um “padrão oficial de linguagem”; o que há é o uso do padrão culto nos atos e comunicações oficiais. É claro que haverá preferência pelo uso de determinadas expressões, ou será obedecida certa tradição no emprego das formas sintáticas, mas isso não implica, necessariamente, que se consagre a utilização de uma forma de linguagem burocrática. O jargão burocrático, como todo jargão, deve ser evitado, pois terá sempre sua compreensão limitada.

A linguagem técnica deve ser empregada apenas em situações que a exijam, sendo de evitar o seu uso indiscriminado. Certos rebuscamentos acadêmicos, e mesmo o vocabulário próprio a determinada área, são de difícil entendimento por quem não esteja com eles familiarizado. Deve-se ter o cuidado, portanto, de explicitá-los em comunicações encaminhadas a outros órgãos da administração e em expedientes dirigidos aos cidadãos.

Outras questões sobre a linguagem, como o emprego de neologismo e estrangeirismo, são tratadas em detalhe em Semântica.

Formalidade e Padronização

As comunicações oficiais devem ser sempre formais, isto é, obedecem a certas regras de forma: além das já mencionadas exigências de impessoalidade e uso do padrão culto de linguagem, é imperativo, ainda, certa formalidade de tratamento. Não se trata somente da eterna dúvida quanto ao correto emprego deste ou daquele pronome de tratamento para uma autoridade de certo nível; mais do que isso, a formalidade diz respeito à polidez, à civilidade no próprio enfoque dado ao assunto do qual cuida a comunicação.

A formalidade de tratamento vincula-se, também, à necessária uniformidade das comunicações. Ora, se a administração federal é una, é natural que as comunicações que expede sigam um mesmo padrão. O estabelecimento desse padrão, uma das metas deste Manual, exige que se atente para todas as características da redação oficial e que se cuide, ainda, da apresentação dos textos.

A clareza datilográfica, o uso de papéis uniformes para o texto definitivo e a correta diagramação do texto são indispensáveis para a padronização.

Concisão e Clareza

A concisão é antes uma qualidade do que uma característica do texto oficial. Conciso é o texto que consegue transmitir um máximo de informações com um mínimo de palavras. Para que se redija com essa qualidade, é fundamental que se tenha, além de conhecimento do assunto sobre o qual se escreve, o necessário tempo para revisar o texto depois de pronto. É nessa releitura que muitas vezes se percebem eventuais redundâncias ou repetições desnecessárias de idéias.

O esforço de sermos concisos atende, basicamente ao princípio de economia lingüística, à mencionada fórmula de empregar o mínimo de palavras para informar o máximo. Não se deve de forma alguma entendê-la como economia de pensamento, isto é, não se devem eliminar passagens substanciais do texto no afã de reduzi-lo em tamanho. Trata-se exclusivamente de cortar palavras inúteis, redundâncias, passagens que nada acrescentem ao que já foi dito.

Procure perceber certa hierarquia de idéias que existe em todo texto de alguma complexidade: idéias fundamentais e idéias secundárias. Estas últimas podem esclarecer o sentido daquelas, detalhá-las, exemplificá-las; mas existem também idéias secundárias que não acrescentam informação alguma ao texto, nem têm maior relação com as fundamentais, podendo, por isso, ser dispensadas.

A clareza deve ser a qualidade básica de todo texto oficial, conforme já sublinhado na introdução deste capítulo. Pode-se definir como claro aquele texto que possibilita imediata compreensão pelo leitor. No entanto a clareza não é algo que se atinja por si só: ela depende estritamente das demais características da redação oficial. Para ela concorrem:

a) a impessoalidade, que evita a duplicidade de interpretações que poderia decorrer de um tratamento personalista dado ao texto;

b) o uso do padrão culto de linguagem, em princípio, de entendimento geral e por definição avesso a vocábulos de circulação restrita, como a gíria e o jargão;

c) a formalidade e a padronização, que possibilitam a imprescindível uniformidade dos textos;

d) a concisão, que faz desaparecer do texto os excessos lingüísticos que nada lhe acrescentam.

É pela correta observação dessas características que se redige com clareza. Contribuirá, ainda, a indispensável releitura de todo texto redigido. A ocorrência, em textos oficiais, de trechos obscuros e de erros gramaticais provém principalmente da falta da releitura que torna possível sua correção.

Na revisão de um expediente, deve-se avaliar, ainda, se ele será de fácil compreensão por seu destinatário. O que nos parece óbvio pode ser desconhecido por terceiros. O domínio que adquirimos sobre certos assuntos em decorrência de nossa experiência profissional muitas vezes faz com que os tomemos como de conhecimento geral, o que nem sempre é verdade. Explicite, desenvolva, esclareça, precise os termos técnicos, o significado das siglas e abreviações e os conceitos específicos que não possam ser dispensados.

A revisão atenta exige, necessariamente, tempo. A pressa com que são elaboradas certas comunicações quase sempre compromete sua clareza. Não se deve proceder à redação de um texto que não seja seguida por sua revisão. “Não há assuntos urgentes, há assuntos atrasados”, diz a máxima. Evite-se, pois, o atraso, com sua indesejável repercussão no redigir.
Por fim, como exemplo de texto obscuro, que deve ser evitado em todas as comunicações oficiais, transcrevemos a seguir um pitoresco quadro, constante de obra de Adriano da Gama Kury
[1], a partir do qual podem ser feitas inúmeras frases, combinando-se as expressões das várias colunas em qualquer ordem, com uma característica comum: nenhuma delas tem sentido!

[1] KURY, Adriano da Gama. Para falar e escrever melhor o português. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1989. p.18 - 19. Segundo o autor, o quadro consta da obra de Cesare Marchi Impariamo Italiano (“Aprendamos o Italiano”) Milão, Rizzoli Ed., 1984, e teria sido elaborado por dois professores universitários italianos no estudo “Prontuário de frases para todos os usos para preencher o vazio de nada”.