quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

AS ORAÇÕES ADVERBIAIS NA CONSTRUÇÃO DO TEXTO



O texto que segue é de autoria desconhecida. Alguns, entretanto, o atribuem ao escritor argentino Jorge Luís Borges. Leia o texto e responda às questões propostas.


Instantes

Se eu pudesse viver novamente a minha vida, na próxima trataria de cometer mais erros.
Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais.
Seria mais tolo ainda do que tenho sido, na verdade bem poucas coisas levaria a sério. Seria menos higiênico. Correria mais riscos, viajaria mais, contemplaria mais entardeceres, subiria mais montanhas, nadaria mais rios.
Iria a mais lugares aonde nunca fui, tornaria mais sorvete e menos lentilha, teria mais problemas reais e menos problemas imaginários.
Eu fui uma dessas pessoas que viveram sensata e produtivamente cada minuto da sua vida, claro que tive momentos de alegria.
Mas, se pudesse voltar a viver, trataria de ter somente bons momentos.
Porque, se não sabem, disso e feita a vida, só de bons momentos; não percas o agora.
Eu era um desses que nunca ia a parte alguma sem um termômetro, urna bolsa de água quente, um guarda-chuva e um pára-quedas; se voltasse a viver, viajaria mais leve.
Se pudesse voltar a viver, começaria a andar descalço no começo da primavera e continuaria assim até o fim do outono.
Dana mais voltas na minha rua, contemplaria mais amanheceres e brincaria com mais crianças, se tivesse urna vida outra vez pela frente.
Mas, já viram, tenho 85 anos e sei que estou morrendo.

PARA QUE SERVEM AS ORAÇÕES ADVERBIAIS?

As orações adverbiais estabelecem relações lógicas e coesivas importantes na construção de um texto. Servem para inserir noções de tempo, finalidade condição, concessão ou ainda para estabelecer comparação, concomitância ou relações de causa e conseqüência entre dois fatos.
Embora as orações adverbiais sejam comuns na fala, alguns tipos aparecem mais restritamente em textos escritos, de acordo com o padrão culto da língua e com certo grau de elaboração de idéias.

01. Ao chegar aos 85 anos, o autor do texto faz uma avaliação de sua vida. Nessa espécie de “balanço”:
a) o que lamenta não ter vivido?
b) o que mais lamenta na forma como viveu a vida?

02. O texto contrapõe dois planos o da realidade concreta, já vivida, e o da realidade hipotética, que não foi mais poderia ter sido vivida.
a) Qual é a oração que permite adentrar o mundo da realidade hipotética?
b) Em que tempo e modo está a forma verbal dessa oração?
c) Que valor semântico essa oração expressa?
d) Identifique, no texto, outras orações com o mesmo valor semântico.

03. Observe que, tendo adentrado o mundo hipotético, várias orações (por exemplo, “Se­na mais tolo ainda [...]“, “Seria menos higiênico”, “Iria a mais lugares [...]“, etc.) descrevem a forma ideal de vida, de acordo com a ótica do autor.
a) Em que tempo e modo estão as formas verbais dessas orações?
b) O que esse tempo e modo verbais expressam semanticamente nesse contexto?
c) Como forma de justificar suas projeções hipotéticas, o autor introduz em alguns trechos flashes do passado e relata o modo como viveu. Identifique no 7º parágrafo uma oração subordinada adverbial causal que cumpra o papel de justificar as projeções hipotéticas do autor.

04. O último parágrafo rompe com o mundo hipotético e traz o autor de volta para o plano da realidade concreta. O parágrafo é introduzido pela conjunção mas, que tem o valor semântico de oposição. A que idéia anterior esse parágrafo se opõe?

05. Justifique o título do texto.

06. Como conclusão do estudo, indique o item que resume melhor o papel das orações adverbiais condicionais para a construção do texto lido:
a) Elas introduzem a condição necessária para que o autor faça uma retrospectiva crítica de sua vida.
b) Elas introduzem um plano hipotético a partir do qual o autor imagina como poderá viver melhor.
c) Elas introduzem a condição necessária para que o autor adentre o mundo hipotético em torno do qual o texto é construído.
d) Elas introduzem a condição necessária para que o autor possa dar conselhos a outras pessoas.