Um texto claro é aquele que é compreensível em uma primeira leitura. Fluência é a qualidade que permite a leitura ininterrupta, sem prejuízo da compreensão e sem necessidade de releitura. Os textos jornalísticos e os dos livros didáticos são exemplos de textos geralmente claros, fluentes e adequados aos seus leitores.
2. Respeito ao leitor
Qualquer texto deve respeitar o seu leitor. E há várias formas de se fazer isso. Clareza e fluência são qualidades básicas. Mas, se levássemos isso sempre ao pé da letra, somente escreveríamos textos com períodos simples e curtos, como nos livros infantis. Isso seria um desrespeito à capacidade de compreensão de leitores mais experientes e sofisticados.
3. Saiba quem é o seu leitor
Pensar na linguagem nos remete para a questão fundamental de saber quem é o nosso leitor. Ela também nos obriga a refletir em outros aspectos igualmente importantes, que devem ser respondidos: O que desejamos com o nosso texto? Queremos que o leitor pense, releia e discuta o texto? É necessário que o leitor aprenda rapidamente o essencial? Qual é, afinal, a função de nosso texto?
4. Como ordenar as idéias
Se queremos dar clareza e fluência ao nosso texto, devemos respeitar o princípio de que a ordenação normal dos termos da oração é a mais clara. Mas essa não é uma regra indiscutível.Os termos integrantes da oração são sujeito, predicado e complementos. Portanto, em princípio, é mais claro dizer: Zé anda de bicicleta. Em vez de: De bicicleta Zé anda.
Também é mais clara a ordenação normal dos períodos compostos — oração principal, orações coordenadas e/ou subordinadas.
É mais claro: Zé anda de bicicleta, mesmo que faça frio. Em vez de: Mesmo que faça frio, Zé anda de bicicleta. Ou Zé, mesmo que faça frio, anda de bicicleta.
5. Idéias intercaladas
De um modo geral, sempre que quebramos a ordem direta de um período, intercalando idéias entre os termos integrantes da oração ou entre orações de um período, prejudicamos a fluência do texto.
6. Períodos longos
Os professores costumam ensinar que períodos longos prejudicam a clareza e a fluência. O problema não é exatamente o tamanho do período e sim a organização das idéias. Se estiverem intercaladas em excesso, o texto pode se tornar cansativo, mas não será, necessariamente, obscuro. Porém, não é bom redigir períodos muito longos. Veja o exemplo seguinte:
“Apesar disso, se compararmos essa crise na educação com as experiências políticas de outros países no século XX, com a agitação revolucionária que se sucedeu à Primeira Guerra Mundial, com os campos de concentração e de extermínio, ou mesmo com o profundo mal-estar que, não obstante as aparências contrárias de propriedade, se espalhou por toda a Europa a partir do término da Segunda Guerra Mundial, é um tanto difícil dar a uma crise na educação a seriedade devida.”
“Apesar disso, é um tanto difícil dar a uma crise na educação a seriedade devida, se compararmos essa crise na educação com as experiências políticas de outros países no século XX, com a agitação revolucionária que se sucedeu à Primeira Guerra Mundial, com os campos de concentração e de extermínio, ou mesmo com o profundo mal-estar que, não obstante as aparências contrárias de propriedade, se espalhou por toda a Europa a partir do término da Segunda Guerra Mundial.”
6. Reordenando períodos longos
O problema do primeiro texto à direita é que a oração principal — "...é um tanto difícil..." — está no final. Quando lemos seu início — "Apesar disso..." —, esperamos uma continuidade lógica. É como se nossa mente perguntasse "Apesar disso o quê?". Mas a resposta a essa suposta pergunta só vem no final. A impressão é de que metade da nossa mente fica esperando a resposta, enquanto a outra metade continua lendo o restante do período. Quando finalmente o "apesar disso" se junta ao "é um tanto difícil", já lemos o restante do período pela metade. Ficamos então com a sensação de que não entendemos direito. Assim, um problema de estrutura de idéias gera outros de clareza e fluência. Reordenando o período, ele ficaria como no segundo texto.
7. Avalie as possibilidades
As orientações sobre linguagem não são regras infalíveis. Muitas vezes encontramos exemplos que as contradizem. O melhor é procurar saber exatamente quem será nosso leitor e adequar a linguagem a ele. Não se esqueça de que é sempre melhor não criar entraves para a compreensão de seu texto.