O corriqueiro adágio “Em terra de sapo, de cócoras com ele” parece ainda não ter sido compreendido pela maioria esmagadora dos “concurseiros” de São Luís do Maranhão. Porém, já foi muito bem compreendido pelas instituições que necessitam de servidores cada vez mais capazes de se comunicarem e de lerem eficazmente.
O lançamento dos editais do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e do Tribunal de Justiça (TJ) do Maranhão não deixam dúvidas sobre essa questão. Ambos solicitam em suas avaliações a prova discursiva como um instrumento medidor de uma série de conhecimentos. Chamo-a instrumento porque é capaz de mensurar não só parte do conhecimento específico e de mundo, mas também por ser capaz de verificar as habilidades linguísticas e o repertório vocabular dos candidatos.
O concurso do TRE solicita prova discursiva para os cargos de nível superior (Analistas Judiciários). A prova terá caráter eliminatório e classificatório e valerá até 10,00 (dez) pontos. Consistirá na elaboração de um texto, de 30 (trinta) linhas no máximo, acerca dos temas elencados no item 14 do edital elaborado pelo Centro de Seleção e Promoção de Eventos da Universidade de Brasília (CESPE/UnB), dentre os quais podem ser destacados os assuntos relacionados a Direito Constitucional, a Direito Administrativo, a Administração Pública, a Direito Civil e Penal, a Direito Eleitoral, a Atualidades em geral. Além disso, a banca avaliará o domínio do candidato sobre a língua portuguesa escrita em nível culto, o manuseio dos recursos coesivos e denotadores de coerência para a elaboração de um texto que, segundo o edital, pode ser narrativo, descritivo ou dissertativo.
Já o Instituto de Estudos Superiores do Extremo Sul (IESES) deu à redação um caráter mais abrangente: exigiu a modalidade de prova discursiva para todos os cargos, de nível fundamental a nível superior. Também a estrutura da prova é totalmente diferente. No concurso do TJ-MA, a prova discursiva para os cargos de nível superior e de nível médio constará de 5 (cinco) questões teóricas e/ou práticas, que consistirão na execução de atos próprios do cargo-especialidade a ser provido, e versarão sobre as disciplinas e respectivos programas de cargo-especialidade, indicados para a prova objetiva apresentados no edital do concurso, como, por exemplo, noções de Administração Geral e Administração Financeira e Orçamentária ,para o cargo de Analista Judiciário – Especialidade Administrador; noções de Sistemas Operacionais, Internet, Engenharia de Informação, Linguagens de Programação, para o cargo de Analista Judiciário – Especialidade Analista de Sistemas – Desenvolvimento; noções de Administração Geral, Comunicação e seus Elementos, Gerenciamento eletrônico de Documentos – GED –, Expedição de Correspondência Oficial ,para o cargo de Técnico Judiciário – Especialidade Apoio Técnico Administrativo. Já os cargos de nível fundamental, Auxiliar Judiciário – Especialidade Apoio Administrativo e Auxiliar Judiciário – Especialidade Telefonista, terão como prova discursiva 2 (duas) questões, versando sobre assuntos relacionados à Organização Judiciária do Maranhão, 1 (uma) questão de Matemática,abrangendo os programas indicados para a Prova de Conhecimentos Básicos, e 1 (uma) redação. Os critérios de elaboração das respostas nas provas discursivas também são diferenciados em alguns pontos: as provas de nível superior deverão ter respostas apresentadas em um mínimo de 20 (vinte) e um máximo de 30 (trinta) linhas, cada uma; as provas de nível médio e fundamental, terão respostas variando entre 10 (dez) e 15 (quinze) linhas cada resposta; já a redação prevista para os cargos de nível fundamental deverá ser construída com no mínimo 20 (vinte) e no máximo 30 (trinta) linhas.
Todas as provas que envolvem a produção textual avaliarão a um só tempo as habilidades linguísticas dos candidatos, bem como a sua capacidade de síntese, de leitura, de percepção de enunciados. Todos sabem disso. Entretanto, há um provérbio chinês que alerta “uma coisa é saber que o caminho existe, outra é conhecê-lo”. Muitos candidatos sabem quais são os critérios a serem julgados numa prova de redação. Muitos candidatos sabem que é a redação que definirá muito bem a posição de cada aprovado nestes concursos. Muitos sabem, mas poucos se deram ao trabalho (árduo trabalho) de procurar trilhar este caminho.
Muitos jovens atravessaram o tortuoso caminho de sua formação intelectual lendo pouco e escrevendo menos ainda. Passaram pela educação, mas não deixaram a educação marcar-lhes profundamente as habilidades. Salvo os que não sabem porque não tiveram acesso à boa escola e a bons mestres, a grande maioria dos candidatos que pleiteiam uma vaga no TRE e no TJ acumulou dúvidas, vícios de linguagem, dificuldades de toda sorte em matéria de produção textual.
Agora, é chegada a hora das cobranças. E quem foi maduro o suficiente para perceber suas falhas, seus pontos fracos, e antecipou-se estudando com afinco e com antecedência, treinando a redação sob orientação de professores, informando-se, não poupando esforços para se superar, está prestes a coroar com vitória a sua trajetória de trabalho e dedicação.
Fazer diferente é ponto fundamental para vencer e aprender. Assumir novas posturas frente ao estudo é condição substantiva para tal empreendimento. Por isso, faça diferente a aprenda!
Boa sorte a todos.
Prof. Adeildo Júnior.