quinta-feira, 31 de julho de 2008

A vírgula e as palavras denotativas de realce

Uma das funções da vírgula é isolar determinados termos da oração, imprimindo uma pausa no período. A vírgula, então, é aplicada duplamente: antes e depois do termo que quer se destacar.
Algumas palavras da língua portuguesa são utilizadas para designar algumas idéias. Não se trata propriamente de um advérbio, embora em diversas situações cumpram o papel desempenhado por ele: um
modificador. Assim chamadas de palavras denotativas, elas podem expressar ênfase: palavras denotativas de realce.
As palavras denotativas de realce, já que isolam um termo dentro da oração, devem se apresentar entre vírgulas.

Exemplos:

As crianças principalmente devem ser vacinadas com urgência. [Inadequado]

As crianças, principalmente, devem ser vacinadas com urgência. [Adequado]

Os peixes e mariscos especialmente compunham seu cardápio tradicional. [Inadequado]

Os peixes e mariscos, especialmente, compunham seu cardápio tradicional. [Adequado]

Algumas palavras denotativas, além de indicarem realce, também apontam para a idéia de partição. Elas indicam que, dentro de um conjunto de seres, alguns foram selecionados e é sobre esses que, em geral, recai a ênfase do enunciado. A vírgula, da mesma forma, deve ser empregada duplamente junto a essas palavras.

Exemplo:

Aquelas festas eram sobretudo o reencontro anual da família. [Inadequado]

Aquelas festas eram, sobretudo, o reencontro anual da família. [Adequado]

São outros exemplos de palavras denotativas de realce:

maiormente
mormente

PALAVRAS E EXPRESSÕES DENOTATIVAS

São palavras que, embora, em alguns aspectos (ser invariável, por exemplo), assemelhem-se a advérbios, não possuem, segundo a Nomeclatura Gramatical Brasileira, classificação especial. Do ponto de vista sintático, são expletivas, isto é, não assumem nenhuma função; do ponto de vista morfológico, são invariáveis (muitas delas vindas de outras classes gramaticais); do ponto de vista, semântico são inegavelmente importantes no contexto em que se encontram (daí seu nome). Classificam-se em função da idéia que expressam:

Adição: ainda, além disso, etc.

Por exemplo:

Comeu tudo e ainda repetiu.

Afastamento: embora

Por exemplo:

Foi embora daqui.

Afetividade: ainda bem, felizmente, infelizmente

Por exemplo:

Ainda bem que passei de ano.

Aproximação: quase, lá por, bem, uns, cerca de, por volta de, etc.

Por exemplo:

Ela quase revelou o segredo.

Designação: eis

Por exemplo:

Eis nosso carro novo.

Exclusão: apesar, somente, só, salvo, unicamente, exclusive, exceto, senão, sequer, apenas, etc.

Por exemplo:

Não me descontou sequer um real.

Explicação: isto é, por exemplo, a saber, etc.

Por exemplo:

Li vários livros, a saber, os clássicos.

Inclusão: até, ainda, além disso, também, inclusive, etc.

Por exemplo:

Eu também vou viajar.

Limitação: só, somente, unicamente, apenas, etc.

Por exemplo:

Só ele veio à festa.

Realce: é que, cá, lá, não, mas, é porque, etc.

Por exemplo:

E você lá sabe essa questão? O que não diria essa senhora se soubesse que já fui famoso.

Retificação: aliás, isto é, ou melhor, ou antes, etc.

Por exemplo:

Somos três, ou melhor, quatro.

Situação: então, mas, se, agora, afinal, etc.

Por exemplo:

Mas quem foi que fez isso?

terça-feira, 22 de julho de 2008

NÍVEIS DE LEITURA


Confira os diferentes níveis de leitura e veja como praticar uma pré-leitura.

Ler é uma atividade muito mais complexa do que a simples interpretação dos símbolos gráficos, de códigos, requer que o indivíduo seja capaz de interpretar o material lido, comparando-o e incorporando-o à sua bagagem pessoal, ou seja, requer que o indivíduo mantenha um comportamento ativo diante da leitura.

Os diferentes níveis de leitura



Para que isso aconteça, é necessário que haja maturidade para a compreensão do material lido, senão tudo cairá no esquecimento ou ficará armazenado em nossa memória sem uso, até que tenhamos condições cognitivas para utilizar.De uma forma geral, passamos por diferentes níveis ou etapas até termos condições de aproveitar totalmente o assunto lido. Essas etapas ou níveis são cumulativas e vão sendo adquiridas pela vida, estando presente em praticamente toda a nossa leitura.


O PRIMEIRO NÍVEL é elementar e diz respeito ao período de alfabetização. Ler é uma capacidade cerebral muito sofisticada e requer experiência: não basta apenas conhecermos os códigos, a gramática, a semântica – é preciso que tenhamos um bom domínio da língua.


O SEGUNDO NÍVEL é a pré-leitura ou leitura inspecional. Tem duas funções específicas: primeiro, prevenir para que a leitura posterior não nos surpreenda e, sendo, para que tenhamos chance de escolher qual material leremos, efetivamente. Trata-se, na verdade, de nossa primeira impressão sobre o livro. É a leitura que comumente desenvolvemos “nas livrarias” .Nela, por meio do salteio de partes, respondem basicamente às seguintes perguntas:
Por que ler este livro? Será uma leitura útil? Dentro de que contexto ele poderá se enquadrar?
Essas perguntas devem ser revistas durante as etapas que se seguem, procurando usar de imparcialidade quanto ao ponto de vista do autor, e o assunto, evitando preconceitos.Se você se propuser a ler um livro sem interesse, com olhar crítico, rejeitando-o antes de conhecê-lo, provavelmente o aproveitamento será muito baixo.


LER É armazenar informações;desenvolver;ampliar horizontes;compreender o mundo;comunicar-se melhor;escrever melhor;relacionar-se melhor com o outro.


Pré-leitura

Nome do livro

Autor

Dados bibliográficos

Prefácio e índice

Prólogo e introdução


Os passos da pré-leitura


O primeiro passo é memorizar o nome do autor e a edição do livro, fazer um folheio sistemático: ler o prefácio e o índice (ou sumário), analisar um pouco da história que deu origem ao livro, ver o número da edição e o ano de publicação. Se falarmos em ler um Machado de Assis, um Júlio Verne, um Jorge Amado, já estaremos sabendo muito sobre o livro, não é? É muito importante verificar estes dados para enquadrarmos o livro na cronologia dos fatos e na atualidade das informações que ele contém. Verifique detalhes que possam contribuir para a coleta do maior número de informações possível. Tudo isso vai ser útil quando formos arquivar os dados lidos no nosso arquivo mental!A propósito, você sabe o que seja um prólogo, um prefácio e uma introdução? Muita gente pensa que os três são a mesma coisa, mas não:


PRÓLOGO: é um comentário feito pelo autor a respeito do tema e de sua experiência pessoal.


PREFÁCIO: é escrito por terceiros ou pelo próprio autor, referindo-se ao tema abordado no livro e muitas vezes também tecendo comentários sobre o autor.


INTRODUÇÃO: escrita também pelo autor, referindo-se ao livro e não ao tema.
O segundo passo é fazer uma leitura superficial. Pode-se, nesse caso, aplicar as técnicas da leitura dinâmica.


O TERCEIRO NÍVEL é conhecido como analítico. Depois de vasculharmos bem o livro na pré-leitura, analisamos o livro. Para isso, é imprescindível que saibamos em qual gênero o livro se enquadra: trata-se de um romance, um tratado, um livro de pesquisa e, neste caso, existe apenas teoria ou são inseridas práticas e exemplos. No caso de ser um livro teórico, que requeira memorização, procure criar imagens mentais sobre o assunto, ou seja, VEJA, realmente, o que está lendo, dando vida e muita criatividade ao assunto. Note bem: a leitura efetiva vai acontecer nesta fase, e a primeira coisa a fazer é ser capaz de resumir o assunto do livro em duas frases. Já temos algum conteúdo para isso, pois o encadeamento das idéias já é de nosso conhecimento. Procure, agora, ler bem o livro, do início ao fim. Esta é a leitura efetiva, aproveite bem este momento!
Fique atento!Aproveite todas as informações que a pré-leitura ofereceu.Não pare a leitura para buscar significados de palavras em dicionários ou sublinhar textos – isto será feito em outro momento!


O QUARTO NÍVEL de leitura é o denominado de controle. Trata-se de uma leitura com a qual vamos efetivamente acabar com qualquer dúvida que ainda persista. Normalmente, os termos desconhecidos de um texto são explicitados neste próprio texto, à medida que vamos adiantando a leitura. Um mecanismo psicológico fará com que fiquemos com aquela dúvida incomodando-nos até que tenhamos a resposta. Caso não haja explicação no texto, será na etapa do controle que lançaremos mão do dicionário. Veja bem: a esta altura já conhecemos bem o livro e o ato de interromper a leitura não vai fragmentar a compreensão do assunto como um todo. Será, também, nessa etapa que sublinharemos os tópicos importantes, se necessário. Para ressaltar trechos importantes opte por um sinal discreto próximo a eles, visando principalmente a marcar o local do texto em que se encontra, obrigando-o a fixar a cronologia e a seqüência deste fato importante, situando-o no livro.Aproveite bem esta etapa de leitura!Para auxiliar no estudo, é interessante que, ao final da leitura de cada capítulo, você faça um breve resumo com suas próprias palavras de tudo o que foi lido.


Um QUINTO NÍVEL pode ser opcional: a etapa da repetição aplicada. Quando lemos, assimilamos o conteúdo do texto, mas aprendizagem efetiva vai requerer que tenhamos prática, ou seja, que tenhamos experiência do que foi lido na vida. Você só pode compreender conceitos que tenha visto em seu cotidiano. Nada como unir a teoria à prática. Na leitura, quando não passamos pela etapa da repetição aplicada, ficamos muitas vezes sujeitos àqueles brancos quando queremos evocar o assunto. Para evitar isso, faça resumos! Observe agora os trechos sublinhados do livro e os resumos de cada capítulo, trace um diagrama sobre o livro, esforce-se para traduzi-lo com suas próprias palavras. Procure associar o assunto lido com alguma experiência já vivida ou tente exemplificá-lo com algo concreto, como se fosse um professor e o estivesse ensinando para uma turma de alunos interessados. É importante lembrar que esquecemos mais nas próximas 8 horas do que nos 30 dias posteriores. Isto quer dizer que devemos fazer pausas durante a leitura e ao retornarmos ao livro, consultamos os resumos. Não pense que é um exercício monótono! Nós somos capazes de realizar diariamente exercícios físicos com o propósito de melhorar a aparência e a saúde. Pois bem, embora não tenhamos condições de ver com o que se apresenta nossa mente, somos capazes de senti-la quando melhoramos nossas aptidões como o raciocínio, a prontidão de informações e, obviamente, nossos conhecimentos intelectuais. Vale a pena se esforçar no início e criar um método de leitura eficiente e rápido.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

A MELHOR OPÇÃO É ESTUDAR SEMPRE...



Aqui, na Oficina de Português, você aprende que estudar Língua Portuguesa vai muito mais além de memorizar regras... Para estudar Língua Portuguesa, é preciso saber pensar...

Venha estudar conosco!

sábado, 31 de maio de 2008

Esquema Básico de Dissertação

Imagine que você queira dissertar sobre o seguinte tema:

Tema

Chegando ao terceiro milênio, o homem ainda não conseguiu resolver graves problemas que preocupam a todos.

Sua primeira providência deve ser copiar este tema em uma folha de rascunho e fazer a pergunta: POR QUÊ?

Ao iniciar sua reflexão sobre o tema proposto e sobre uma possível resposta para a questão, procure recordar-se do que já leu ou ouviu a respeito dele. É quase certo que você tenha ao menos uma noção acerca de qualquer tema que lhe vier a ser apresentado.

O ideal, para que sua dissertação explore suficientemente o assunto, é que você obtenha duas ou três “respostas” para a questão formulada: estas “respostas” chamam-se argumentos. Vejamos agora que argumentos poderíamos encontrar para este tema. Uma possibilidade é pensar que um dos sérios problemas que o homem não consegue resolver é o da miséria. Assim, já teríamos o primeiro argumento:

Existem populações imersas em completa miséria.

Pensando um pouco mais nos problemas que enfrentamos, poderíamos formular o segundo argumento:

A paz é interrompida freqüentemente por conflitos internacionais.

Refletindo um pouco mais sobre as questões que afligem a humanidade, logo lembramos do desequilíbrio ecológico, que pode ser nosso terceiro argumento:

O meio ambiente encontra-se ameaçado por sério desequilíbrio ecológico.

Viu como foi fácil? Os argumentos selecionados são exaustivamente noticiados por qualquer meio de comunicação.

TEMA

Chegando ao terceiro milênio, o homem ainda não conseguiu resolver graves problemas que preocupam a todos.

1. Existem populações imersa em completa miséria.

2. A paz é interrompida freqüentemente por conflitos internacionais.

3. O meio ambiente encontra-se ameaçado por sério desequilíbrio ecológico.

Você pode encontrar outros argumentos além destes apresentados acima que justifiquem a afirmação proposta pelo tema. A única exigência é que eles se relacionem com o assunto sobre o qual está escrevendo.

Uma vez estabelecido o tema e os três argumentos, você já dispõe do necessário para, agora, na folha definitiva, começar a redigir sua dissertação. Ela deverá constar de três partes fundamentais: Introdução. Desenvolvimento e Conclusão.

Vamos agora redigir o primeiro parágrafo, ou seja, a Introdução, baseando-nos no quadro acima. Para compô-la, basta que você copie o tema e a ele acrescente os três argumentos, assim como aparecem no quadro. Veja como poderia ser:

Chegando ao terceiro milênio, o homem ainda não conseguiu resolver graves problemas que preocupam a todos, pois existem populações imersas em completa miséria, a paz é interrompida freqüentemente por conflitos internacionais e, além do mais, o meio ambiente encontra-se ameaçado por sério desequilíbrio ecológico.

Observe que, na Introdução, os argumentos são apenas mencionados. Neste primeiro parágrafo informamos o assunto de que a dissertação vai tratar; cada argumento será convenientemente desenvolvido nos parágrafos seguintes. Repare nas palavras pois e além do mais, colocadas neste texto para ligar as diferentes partes da Introdução. São elas que reúnem o tema aos argumentos. Depois de terminado o parágrafo da Introdução, você poderá passar ao Desenvolvimento, explicando cada um dos argumentos expostos acima.

Assim, no próximo parágrafo, escreva tudo o que souber sobre o fato de existirem populações miseráveis.

Embora o planeta disponha de riquezas incalculáveis – estas, mal distribuídas, quer entre Estados, quer entre indivíduos –, encontramos legiões de famintos em pontos específicos da Terra. Nos países do Terceiro Mundo, sobretudo em certas regiões da África, vamos com tristeza a falência da solidariedade humana e da colaboração entre as nações.

Neste parágrafo, a coesão se dá pelo conteúdo do segundo parágrafo, que inteiramente retoma o conteúdo do primeiro argumento exposto na introdução.

No entanto, como você pode perceber, convém, vez por outra, lançar mão de certos exemplos para comprovar suas afirmações.

No parágrafo seguinte desenvolve-se o segundo argumento:

Além disso, nestas últimas décadas, temos assistido, com certa preocupação, aos inúmeros conflitos internacionais que se sucedem. Muitos trazem na memória a triste lembrança das guerras do Vietnã e da Coréia, as quais provocaram grande extermínio. Em nossos dias, testemunhamos conflitos na antiga Iuguslávia, em alguns países membros da Comunidade dos Estados Independestes, sem falar da Guerra do Golfo, que tanta apreensão nos causou.

Note a presença da expressão Além disso no início do parágrafo, que estabelece a ligação com o parágrafo anterior. Ela deve ser colocada para evidenciar o fato de que os parágrafos se relacionam entre si.

Falemos agora do terceiro argumento:

Outra preocupação constante é o desequilíbrio ecológico, provocado pela ambição desmedida de alguns, que promovem desmatamentos desordenados e poluem as águas dos rios. Tais atitudes contribuem para que o meio ambiente, em virtude de tantas agressões, acabe por transformar em local inabitável.

Observe a expressão Outra preocupação constante, colocada no início deste parágrafo. Ela é o elemento de ligação com o parágrafo anterior do Desenvolvimento. Estabelece a conexão entre os argumentos apresentados.

Para que sua dissertação fique completa, falta apenas elaborar um último parágrafo que se denomina Conclusão. Para isso, é preciso que analisemos suas partes constitutivas.

A Conclusão pode iniciar-se com uma expressão que remeta ao que foi dito nos parágrafos anteriores (expressão inicial). A ela deve seguir-se uma reafirmação do tema proposto no início da redação. No final do parágrafo, é interessante colocar uma observação, fazendo um comentário sobre os fatos mencionados ao longo da dissertação.

Com base nessa orientação, já podemos redigir o parágrafo final, ou seja, a Conclusão.

Em virtude de tudo isso, somos levados a acreditar que o homem está muito longe de solucionar os grandes problemas que afligem diretamente uma grande parcela da humanidade e indiretamente a qualquer pessoa consciente e solidária. É desejo de todos nós que algo seja feito no sentido de conter essas forças ameaçadoras, para podermos suportar as adversidades e construir um mundo que, por ser justo e pacífico, será mais facilmente habitado pelas gerações vindouras.

OBSERVAÇÃO:

Caso você deseje, é possível que a Conclusão seja formada apenas pelo comentário final, dispensando o início, constituído pela expressão inicial e reafirmação do tema; eles atuam apenas como reforço, como ênfase ao problema abordado.

Agora, reunindo todos os parágrafos escritos, temos a dissertação completa, acrescida de um título:

Terra: uma preocupação constante

Chegando ao terceiro milênio, o homem ainda não conseguiu resolver graves problemas que preocupam a todos, pois existem populações imersas em completa miséria, a paz é interrompida freqüentemente por conflitos internacionais e, além do mais, o meio ambiente encontra-se ameaçado por sério desequilíbrio ecológico.
Embora o planeta disponha de riquezas incalculáveis – estas, mal distribuídas, quer entre Estados, quer entre indivíduos – encontramos legiões de famintos em pontos específicos da Terra. Nos países do Terceiro Mundo, sobretudo em certas regiões da África, vemos com tristeza, a falência da solidariedade humana e da colaboração entre as nações.
Além disso, nestas últimas décadas, temos assistido, com certa preocupação, aos inúmeros conflitos internacionais que se sucedem. Muitos trazem na memória a triste lembrança das guerras do Vietnã e da Coréia, as quais provocaram grande extermínio. Em nossos dias, testemunhamos conflitos na antiga Iugoslávia, em alguns países membros da Comunidade dos Estados Independentes, sem falar da Guerra do Golfo, que tanta apreensão nos causou.
Outra preocupação constante é o desequilíbrio ecológico, provocado pela ambição desmedida de alguns, que promovem desmatamentos desordenados e poluem as águas dos rios. Tais atitudes contribuem para que o meio ambiente, em virtude de tantas agressões, acabe por se transformar em local inabitável.
Em virtude de tudo isso, somos levados a acreditar que o homem está muito longe de solucionar os grandes problemas que afligem diretamente uma grande parcela da humanidade e indiretamente a qualquer pessoa consciente e solidária. É desejo de todos nós que algo seja feito no sentido de conter essas forças ameaçadoras, para podermos suportar as adversidades e construir um mundo que, por ser justo e pacífico, será mais facilmente habitado pelas gerações vindouras.

Caso você deseje fazer uma dissertação um pouco menor, basta usar dois argumentos em vez de três.

domingo, 25 de maio de 2008

ESTUDO DOS RADICAIS

Radicais e compostos eruditos


O mecanismo da composição é utilizado para a formação de um tipo específico de palavras, conhecidas como compostos eruditos. Esse nome se deve ao fato de que em sua formação se utilizam elementos de origem grega e latina que foram diretamente importados dessas línguas com essa finalidade. Por isso, esses compostos são também chamados de helenismos e latinismos eruditos. São palavras como pedagogia e quiromancia (formadas de elementos gregos) ou arborícola e uxoricida (formadas por elementos latinos), normalmente criadas para denominar objetos ou conceitos relacionados com as ciências e as técnicas. Muitas delas acabam se tornando cotidianas, como telefone, automóvel, democracia, agricultura.
Apresentamos a seguir duas relações de radicais gregos e duas relações de radicais latinos. A primeira relação de radicais gregos e a primeira relação de radicais latinos agrupam os elementos formadores que normalmente são colocados no início dos compostos; a segunda relação de radicais agrupa, em cada caso, os elementos formadores que costumam surgir na parte final dos compostos. Adotamos esse procedimento a fim de facilitar seu trabalho de consulta: ao encontrar determinado exemplo na relação dos radicais que costumam ser o primeiro elemento do composto, você poderá verificar mais rapidamente o valor do segundo elemento na relação dos radicais que costumam figurar no final dos compostos. Atente para o fato de que certos radicais costumam aparecer em determinadas posições nos compostos; nada os impede de surgir em posição diferente.
Alguns dos radicais que colocamos nas relações a seguir são considerados prefixos por alguns autores; outros estudiosos preferem chamá-los elementos de composição. Acreditamos que essas questões terminológicas são pouco importantes para você, que tem finalidades mais práticas. Observe que muitas palavras que fazem parte das suas aulas de Biologia, Química e Física podem ser encontradas nas relações abaixo; observe, principalmente, que o conhecimento do significado dos elementos que as constituem muitas vezes nos ajuda a compreender os conceitos e seres que denominam.

RADICAIS GREGOS

Elementos que normalmente surgem na parte inicial do composto
radical e significado - exemplos
acr-, acro- (alto, elevado)
acrópole, acrofobia, acrobata
aer-, aero- (ar)
aeródromo, aeronauta, aeróstato, aéreo
agro- (campo)
agrologia, agronomia, agrografia, agromania
al-, alo- (outro, diverso)
alopatia, alomorfia
andr-, andro- (homem, macho)
androceu, andrógino, andróide, andosperma
anemo- (vento)
anemógrafo, anemômetro
angel-, angelo- (mensageiro, anjo)
angelólatra, angelogia
ant-, anto- (flor)
antologia, antografia, antóide, antomania
antropo- (homem)
antropógrafo, antropologia, filantropo
aritm-, aritmo- (número)
aritmética, aritmologia, aritmomancia
arque-, arqueo- (primeiro, origem, antigo)
arquétipo, arquegônio, arqueografia, arqueologia, arqueozóico
aster-, astro- (estrela, astro)
asteróide, astrólogo, astronomia
auto- (próprio)
autocracia, autógrafo, autômato
bari-, baro- (peso)
barômetro, barítono, barisfera
biblio- (livro)
bibliografia, biblioteca, bibliófilo
bio- (vida)
biografia, biologia, macróbio, anfíbio
caco- (mau)
cacofonia, cacografia
cali- (belo)
califasia, caligrafia
cardi-, cardio- (coração)
cardiologia, cardiografia
cin-, cine-, cines- (movimento)
cinestesia, cinemática
core-, coreo- (dança)
coreografia, coreógrafo
cosmo- (mundo)
cosmógrafo, cosmologia
cript-, cripto- (escondido)
criptônimo, criptograma
cris-, criso- (ouro)
crisálida, crisâtemo
crom-, cromo- (cor)
cromossomo, cromogravura, cromoterapia
crono- (tempo)
cronologia, cronômetro, cronograma
datilo- (dedo)
datilografia, datiloscopia
demo- (povo)
demografia, datiloscopia
dinam-, dinamo- (força
dinamômetro, dinamite
eco- (casa)
ecologia, ecossistema, economia
eletro- (âmbar, eletricidade)
elétrico, eletrômetro
enter-, entero- (intestino)
enterite, enterogastrite
ergo- (trabalho)
ergonomia, ergometria
estere-, estereo- (sólido, fixo)
estereótipo, estereografia
estomat-, estomato- (boca, orifício)
estomatite, estomatoscópio
etno- (raça)
etnografia, etnologia
farmaco- (medicamento)
farmacologia, farmacopéia
filo- (amigo)
filósofo, filólogo
fisio- (natureza)
fisiologia, fisionomia
fono- (voz)
eufonia, fonologia
fos-, foto- (luz)
fósforo, fotofobia
gastr-, gastro- (estômago)
gastrite, gastrônomo
gen-, geno- (que gera)
genótipo, hidrogênio
geo- (terra)
geografia, geologia
ger-, gero- (velhice)
geriatria, gerontocracia
helio- (sol)
heliografia, helioscópio
hemi- (metade)
hemisfério, hemistíquio
hemo-, hemato- (sangue)
hemoglobina, hematócrito
hetero- (outro)
heterônimo, heterogêneo
hidro- (água)
hidrogênio, hidrografia
hier-, hiero- (sagrado)
hieróglifo, hierosolimita
hipo- (cavalo)
Hipódromo, hipopótamo
homo-, homeo- (semelhante)
homeopatia, homógrafo, homogêneo
icono- (imagem)
iconoclastia, iconolatria
ictio- (peixe)
ictiófago, ictiologia
iso- (igual)
isócrono, isósceles
ito- (pedra)
litografia, litogravura
macro- (grande)
macrocéfalo, macrocosmo
mega-, megalo- (grande)
megatério, megalomaníaco
melo- (canto)
melodia, melopéia
meso- (meio)
mesóclise, mesopotâmia
micro- (pequeno)
micróbio, microcéfalo, microscópio
miso- (que odeia)
misógino, misantropo
mito- (fábula)
mitologia, mitômano
necro- (morto)
necrópole, necrotério
neo- (novo)
neolatino, neologismo
neuro-, nevr- (nervo)
neurologia, nevralgia
odonto- (dente)
odontologia, odontalgia
ofi-, ofio- (cobra, serpente)
ofiologia, ofimancia
oftalmo- (olho)
oftalmologia, oftalmoscópio
onomato- (nome)
onomatologia, onomatopéia
ornit-, ornito- (ave)
ornitologia, ornitóide
oro- (montanha)
orogenia, orografia
oste-, osteo- (osso)
osteoporose, osteodermo
oxi- (ácido, agudo)
oxítona, oxígono, oxigênio
paleo- (antigo)
paleografia, paleontologia
pan- (todos, tudo)
panteísmo, pan-americano
pato- (doença, sentimento)
patologia, patogenético, patético
pedi-, pedo- (criança)
pediatria, pedologia
piro- (fogo)
pirólise, piromancia, pirotecnia
pluto- (riqueza)
plutomania, plutocracia
poli- (muito)
policromia, poliglota, polígrafo, polígono
potamo- (rio)
potamografia, potamologia
proto- (primeiro)
protótipo, protozoário
pseudo- (falso)
pseudônimo, pseudópode
psico- (alma, espírito)
psicologia, psicanálise
quiro- (mão)
quiromancia, quiróptero
rino- (nariz)
rinoceronte, rinoplastia
rizo- (raiz)
rizófilo, rizotônico
sider- (ferro)
siderólito, siderurgia
sismo- (abalo, tremor)
sismógrafo, sismologia
taqui- (rápido)
taquicardia, taquigrafia
tax-, taxi-, taxio- (ordem, arranjo)
taxiologia, taxidermia
tecno- (arte, ofício, indústria)
tecnologia, tecnocracia, tecnografia
tele- (longe)
telegrama, telefone, telepatia
teo- (deus)
teocracia, teólogo
term-, termo- (calor)
termômetro, isotérmico
tipo- (figura, marca)
tipografia, tipologia
topo- (lugar)
topografia, toponímia
xeno- (estrangeiro)
xenofobia, xenomania
xilo- (madeira)
xilógrafo, xilogravura
zoo- (animal)
zoógrafo, zoologia
NUMERAIS

radical e significado
exemplos

mon-, mono- (um)
monarca, monogamia
di- (dois)
dipetalo, dissílabo
tri- (três)
trilogia, trissílabo
tetra- (quatro)
tetrarca, tetraedro
pent-, penta- (cinco)
pentatlo, pentágono
hexa- (seis)
hexágono, hexâmetro
hepta- (sete)
heptágono, heptassílabo
octo- (oito)
octossílabo, octaedro
enea- (nove)
eneágono, eneassílabo
deca- (dez)
decaedro, decalitro
hendeca- (onze)
hendecassílabo, hendecaedro
dodeca- (doze)
dodecassílabo
icos- (vinte)
icosaedro, icoságono
hecto-, hecato- (cem)
hectoedro, hecatombe, hectômetro, hectograma
quilo- (mil)
quilograma, quilômetro
miria- (dez mil; inumerável)
miriâmetro, miríade, miriápode

ESTUDO DOS SUFIXOS

A leitura atenta dos exemplos referentes ao uso dos sufixos aumentativos e diminutivos deixa evidente que a dimensão física não é a única coisa com que eles se relacionam. É fácil notar que muitas vezes esses sufixos sugerem deformidade (como em beiçorra, cabeçorra), admiração (carrão), desprezo (asneirão, poestatro, artiguete), carinho (paizinho, pequenino), intensidade (alegrinho), ironia (safadinha) e vários outros matizes semânticos. No caso dos sufixos pertencentes ao último grupo apresentado, temos a formação de diminutivos eruditos — diretamente importados do latim —, os quais são muito usados na terminologia científica.

Sufixos Latinos
Função lexical
Exemplos

-ADA
Forma substantivos a partir de substantivos
Boiada, colherada, facada, laranjada, meninada, noitada, risada.
-AGEM
Forma substantivos a partir de substantivos
Aprendizagem, estiagem, ferragem, folhagem, malandragem, ladroagem, massagem.
-AL
Forma adjetivos e substantivos a partir de substantivos
Genial, mortal, pessoal; areal, arrozal, bananal, pantanal.
-ANO, -ÃO
Forma adjetivos de substantivos
Americano, republicano, serrano; ribeirão, comarcão, cristão, vilão.
-ÃO
Ampliado em -alhão, -arrão, -eirão, -zarrão, figura na formação de aumentativo
Casarão, grandalhão, chapeirão, homenzarrão, toleirão, santarrão.
-ARIA, -ERIA[1]
Forma substantivos de substantivos
Cavalaria, drogaria, feitiçaria, livraria, periferia, peixaria.
-ÁRIO, -EIRO, -A
Forma substantivos de substantivos
Boticário, campanário, estatuário; barbeiro, galinheiro, nevoeiro; cabeleira, cigarreira, pulseira.
-ATO, -ADO
Forma substantivos de substantivos
Baronato, sindicato, tribunato; arcebispado, apostolado, bacharelado, condado.
-DADE
Forma substantivos de adjetivos
Bondade, castidade, cristandade, crueldade, dignidade, felicidade, divindade.
-DOR, -TOR, -SOR
Forma substantivos de verbos
Acusador, armador, orador; instrutor, tradutor, escritor; ascensor, confessor, assessor.
-DURA, -TURA, -SURA
Forma substantivos de verbos
Assadura, ditadura, fechadura; assinatura, abertura, cobertura, escritura; clausura, mensura.
-EAR
Forma verbos de substantivos
Cartear, barbear, golpear, guerrear, rodear, pastorear, vozear.
-ECER
Forma verbos de substantivos
Amanhecer, amarelecer, favorecer, anoitecer, entardecer, escurecer, amadurecer.
-EDO
Forma substantivos de substantivos
Arvoredo, lajedo, olivedo, passaredo, rochedo, vinhedo.
-EJAR
Forma verbos de substantivos
Cortejar, gotejar, lacrimejar, manejar, velejar, voejar.
-ENSE, -ÊS
Forma adjetivos de substantivos
Ateniense, maranhense, cearense, parisiense. Cortês, montanhês, montês, português.
-EZ, -EZA
Forma substantivos de adjetivos
Altivez, estupidez, malvadez, sensatez; beleza, certeza, rudeza, tristeza.
-FICAR
Forma verbos de substantivos e de adjetivos
Exemplificar, petrificar, dignificar, falsificar, purificar, ramificar, clarificar.
-CIE, -ICE
Forma substantivos de adjetivos
Calvície, planície; criancice, doidice, meninice, tolice, velhice.
-IO
Forma substantivos de substantivos
Mulherio, poderio, rapazio, senhorio.
-ITAR, -INHAR
Forma verbos de substantivos
Saltitar, cuspinhar.
-IVO
Forma adjetivos de verbos
Afirmativo, comparativo, negativo, fugitivo, lucrativo, cansativo, pensativo.
-MENTO
Forma substantivos de verbos
Casamento, juramento, cerceamento, conhecimento, fingimento, juramento, pensamento.
-OSO
Forma adjetivos de substantivos
Cheiroso, famoso, gostoso, volumoso, orgulhoso, amoroso.
-TÓRIO[2], -DOURO
Forma substantivos de verbos
Dormitório, laboratório, oratório, purgatório; ancoradouro, bebedouro, matadouro.
-TUDE, -DÃO
Forma substantivos de adjetivos
Altitude, amplitude, latitude, longitude; certidão, escuridão, lassidão, vastidão.
-UDO
Forma adjetivos de substantivos
Beiçudo, bicudo, carnudo, cabeçudo, peludo, sisudo.
-URA
Forma substantivos de adjetivos
Amargura, brancura, alvura, loucura, brandura, ternura.
-VEL, -BIL[3]
Forma adjetivos de verbos
Amável, desejável, discutível, solúvel, suportável; flébil, ignóbil.

[1] Na linguagem brasileira de nossos dias, tem -eria nas seguintes palavras: bateria (importada do francês), correria, galeria, leiteria, loteria, (importada do italiano), parceria, sorveteria.
[2] O sufixo erudito -tório ainda forma adjetivos: divinatório, satisfatório, notório, transitório.
[3] Formas literárias em -bil (terríbil, implacábil, incansábil, invisíbil, etc.) foram muito usadas por escritores de outras épocas, como Camões, em Os Lusíadas. Ainda hoje figuram tais formas nos superlativos eruditos (amabilíssimo, terribilíssimo) e nos substantivos abstratos derivados de muitos adjetivos (amabilidade, volubilidade).
Sufixos Gregos

-IA — astronomia, filosofia, geometria; energia, eufonia, profecia.
-ISMO — aforismo, cataclismo, comunismo, jornalismo.
-ISTA — catequista, evangelista, modernista, nortista, socialista.
-ITA — eremita, jesuíta, ismaelita, selenita.
-ITE — bronquite, colite, dinamite, renite.
-IZ(AR)[1] — batizar, catequizar, realizar, rivalizar, suavizar.
-OSE — esclerose, osteose, tuberculose.
-TÉRIO — batistério, cemitério, necrotério.

Sufixos de outras procedências

1) Ibéricos
-EGO — borrego, labrego, pelego, galego.
-EJO — andejo, animalejo, lugarejo, quintalejo.
-ITO(A) — cabrita, casita, Anita.
-ORRA — cabeçorra, machorra, manzorra.

2) Italianos
-ESCO — dantesco, gigantesco, parentesco, pitoresco.

3) Germânicos
-ARDO[2] — felizardo, moscardo.
-ENGO — mulherengo, realengo, solarengo, verdorengo.

4) Tupi
-RANA — sagarana, caferana.

5) De origem desconhecida
-AMA — dinheirama, mourama.
-ANCO(A) — barranco, pelanca, potranca.
-ASCO(A) — pardavasco, verdasca, nevasca.
-EBRE — casebre.
-ECO(A) — jornaleco, livreco, padreco, soneca.
-ICO — burrico.
-OTE — filhote, meninote, serrote, velhote.

[1] Não confundir com os verbos cujo radical termina em -iz (ajuizar, de juiz; enraizar, de raiz), ou -is (avisar, de aviso; alisar, de liso; encamisar, de camisa).
[2] Aparece em alguns nomes próprios: Bernardo, Leonardo, Ricardo.